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Polícia Federal

Ramagem diz que PF precisa verificar quem colocou currículo da promotora do caso Marielle no sistema

Deputado se defendeu após ser alvo de operação da PF que o indica como integrante de uma organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades

Alexandre RamagemAlexandre Ramagem - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou que a Polícia Federal (PF) precisa verificar quem foi o servidor que incluiu o currículo da promotora Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco ocorrido em 2018, no sistema da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A promotora deixou o caso em 2021. A ação ocorreu no período em que Ramagem chefiava o órgão de inteligência.

Ramagem foi alvo de uma operação da PF nesta quinta-feira que apontou que o ex-diretor integrava uma organização criminosa que atuava “com intuito de monitorar ilegalmente pessoas e autoridades públicas”.

A PF aponta que a atuação do deputado ocorreu entre 2019 e 2021, período no qual chefiou a agência de inteligência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação do grupo teria ocorrido por meio da utilização do FirstMile, programa que permitia monitorar a localização de pessoas por meio de dados de celular.

— Quando chegou a mim a questão da Marielle eu fiquei: “como é possível?”. Aí eu verifiquei que não tem nada a ver com o sistema. É o currículo da promotora e parece que é uma informação que circulou aí. A inteligência é a coleta de dados e de informações. Se tem um servidor, e eu não sei quem acessou, tem que verificar, Polícia Federal, quem alimentou e quem é a pessoa que colocou o currículo da promotora. E perguntar a essa pessoa o porquê — disse Ramage em entrevista à Globonews.

A operação para espioná-la está descrita na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou buscas e apreensão contra o ex-diretor-geral da agência.

Ramagem disse que qualquer investigação na Abin precisa passar por uma provocação da chefia, mas isso nem sempre acontecia.

Segundo o inquérito da PF, o monitoramento sobre a promotora teria sido feito pela "estrutura paralela infiltrada na Abin" durante a gestão de Ramagem (PL-RJ). Homem de confiança de Bolsonaro e delegado da PF, Ramagem foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira.

A decisão de Moraes diz que os investigadores identificaram um resumo do currículo da promotora do caso Marielle ao analisar o material apreendido. Esse arquivo estava com a mesma formatação dos relatórios apócrifos criados pela "estrutura paralela" da Abin.

— Tem que ter uma organização de procedimentos. Se você vai fazer análise de inteligência sobre (uma) pessoa, tem que ter alguma provocação de chefia, direção, e a finalização. E é isso que estávamos levando e cobrando da Abin, que não estava sendo feito — disse Ramagem.

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