OBRA

"Raquel ainda vai se entusiasmar", diz José Múcio sobre a Escola de Sargento

"A obra é de Pernambuco. Qualquer governador, qualquer deputado, qualquer político, vai ter que dar uma ajuda", afirmou Múcio

 "É uma equipe enorme trabalhando nisso", afirmou o ministro da Defesa "É uma equipe enorme trabalhando nisso", afirmou o ministro da Defesa - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em meio à notória ausência da governadora Raquel Lyra (PSDB) no encontro que reuniu, na última terça-feira, o Alto Comando do Exército do Brasil e a bancada pernambucana, em Brasília, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, acredita que Raquel ainda vai se transformar numa grande entusiasta do projeto. 

No encontro, realizado com o objetivo de detalhar sobre a construção da Escola de Sargento e Armas em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, a maior já construída no Brasil e o maior investimento já previsto para Pernambuco dos últimos tempos – R$1,8 bilhão – foi possível entender que apesar de ter tido o protocolo assinado na gestão do seu antecessor, Paulo Câmara (Sem partido), o projeto não é uma bomba deixada no colo de Raquel. 

“A obra é de Pernambuco. Qualquer governador, qualquer deputado, qualquer político, vai ter que dar uma ajuda, pelo menos com o entusiasmo, para que Pernambuco não perca essa chance", afirmou em entrevista exclusiva à Folha.

*A reunião da última com a Alto Comando do Exército e a bancada pernambucana foi produtiva?*

Muito. Foram quase todos os deputados. Foi uma reunião de um pessoal muito entusiasmado. Estava lá o comandante do Exército, General Tomás Paiva e todos os seus assessores. 

*A governadora Raquel chegou a comunicar ao senhor que não iria ao encontro?* 

Com certeza teve algum compromisso. Ela não faltaria se não tivesse um compromisso que não pudesse faltar. De maneira que a gente compreende e vamos procurá-la em outro momento. Pernambuco merece tudo. 

*Mas ela deu alguma satisfação ao senhor?* 

Não, mas eu soube que ela deverá chegar a Brasília. Vamos aguardar. Sempre penso positivo. Vamos imaginar que vai acontecer alguma coisa boa.

*Mas a bancada ficou muito insatisfeita e fez duras críticas à ausência dela.*

É da política. Mas você viu que alguns deputados aliados justificaram. Isso é assim, temos que nos acostumar.

*A posição do comandante do exército foi muito firme. Ele disse que a decisão está tomada e que a escola é de Pernambuco.*

Isso foi a coisa mais importante do encontro. Ele disse vai ser lá e acabou, como se dissesse que querendo ou não querendo eu vou fazer lá. A contrapartida é apenas 5% do investimento. Evidentemente que é um investimento para muitos anos. Precisa ter muita responsabilidade política com o Estado, muita responsabilidade pessoal, porque os deputados vão trabalhar por algo que vai ficar pronto daqui a dez anos. Dez anos são dois mandatos e metade de um terceiro. Mas todos eles conscientes de que aquilo será um acontecimento – será a maior escola do Exército do Brasil e a maior escola que o Exército já construiu. 

*O que se diz em relação à má vontade da governadora é em relação ao protocolo que foi assinado no governo passado. Até vi a explanação do militar que estava expondo a escola dizendo que a governadora talvez tivesse compreendido mal de que essa fatura da contrapartida de R$ 220 milhões tivesse caído no colo dela sem ela ter nenhuma responsabilidade nisso.*

Ele ontem mostrou que a contrapartida não seria R$ 220 milhões, mas apenas de R$ 110 milhões. É uma contrapartida que a bancada se dispõe a colocar isso com emendas. É uma coisa importante demais para Pernambuco e a região de Paudalho e Abreu e Lima vão se beneficiar demais. 

*A questão do meio ambiente, que o deputado Túlio Gadêlha (Rede) levantou, preocupa também?* 

O meio ambiente é sempre uma discussão complicada, mas desde que você faça o que eles exigem que vocês faça – e o Exército está disposto. É uma equipe enorme trabalhando nisso, engenheiros, projetistas, calculistas, ambientalistas, estavam todos no encontro. De maneira que acho que vamos ter dificuldades, mas vamos procurar superá-las. 

*Acho interessante que Pernambuco sempre coloca essa questão do meio ambiente para travar os investimentos. Não vejo isso muito isso na Bahia e nem no Ceará, que tem atraído grandes investimentos.*

Eu acho que lá também tem, mas eles enfrentam. A gente não pode ao primeiro grito do meio ambiente parar tudo. O próprio deputado Túlio Gadêlha disse que não questionava o projeto, parece que ele, quando houve o negócio da emenda de bancada, não se associou porque tinha realmente a questão do meio ambiente. Mas o benefício é muito grande para o Estado e a gente tem que ver como contorna. E eles vão respeitar o meio ambiente e replantar o que for tirado.  

*O custo da escola é de R$1,8 bilhão? Quanto é que tem reservado em orçamento o Ministério da Defesa para essa escola?*

Não tem nada reservado. Mas para você ter ideia da importância desse projeto, o Ministério da Defesa se dispõe a vender o seu maior imóvel em Brasília, ao lado da Rede Ferroviária, um terreno gigante, para fazer a escola em Pernambuco, que para eles é estratégico. 

*Pela explanação que assisti, a estratégica é do ponto de vista geográfico?*

É bom para o Brasil todo. Para os estados do Nordeste, um achado. Um rapaz de Paraíba ia para o interior de Minas Gerais, para o interior do Rio Grande do Sul, para seguir carreira militar. Agora está ali, no Recife, em Paudalho, ao lado da BR 408. Para o Nordeste é um marco importantíssimo. Tanto que o deputado Augusto Coutinho quando foi falar na Casa Civil evou alguns deputados de outros estados do Nordeste.

*Tinha outros estados do Sul e Sudeste interessados também pela escola?*

Também, mas o Exército achou que a melhor localização era Pernambuco. Foi bom porque não houve trabalho político não e explicou por quê. O Exército disse que a melhor localização era Pernambuco, porque concentrava todo mudo, os professores, ia desobstruindo os investimentos que tudo é no Sul e Sudeste e que eles estavam querendo começar a investir no Nordeste brasileiro. Até a ideia é ótima – investir no Nordeste brasileiro – eu gosto disso. Uma iniciativa deles. 

*Independente de ser em Pernambuco, essa é uma obra que marca a sua passagem pelo Ministério da Defesa?*

Não. Essa obra marca em não deixar parar. Essa obra não vai ter dono não. Nós vamos assistir dois mantados e meio de governadores, dois mandatos e meio de deputados. Essa obra a pessoa tem que realmente pensar em Pernambuco. Essa obra só vai ficar pronta daqui a dez anos. Então, é uma obra de muita grandeza. Mas você vai passar por ela um dia e vai dizer “eu ajudei a fazer isso daqui”. Onde insiro meu trabalho? Não deixar que outros estados fustiguem dizendo que Pernambuco está colocando dificuldade. Em Minas, Três Corações, que tem uma escola dessa, deseja que a escola vá para lá, complemente a que já está lá, mas o Exército bateu o pé e disse que ela será em Pernambuco.

*Para atrair a governadora e fazer com que ela se empolgue com o projeto, o senhor vai com esse discurso de dizer que essa obra não tem dono?*

Esa obra vai ser uma grande parceria da classe política de Pernambuco e a governadora vai se entusiasmar. Está começando, está com muita dificuldade. Essa obra é de muita gente.

*O senhor nunca tratou desse assunto com ela?* 
Tratei por telefone, disse que nós precisávamos conversar sobre isso. Ela disse que estava fazendo uns estudos. Estamos aguardando, vamos ver. Ontem (terça) a noite mesmo o presidente da Assembleia Legislativa ligou para mim, querendo que já marcasse uma data para fazer uma explanação no auditório da Alepe, levar todo o comando do Exército e mostrar tudo lá. O comandante do Exército se comprometeu a ir.

*A ideia é repetir na Alepe o que foi feito em Brasília na terça?*

Querendo mostrar aos deputados estaduais, com a presença dos federais, que são entusiastas, com a presença de alguns desembargadores do tribunal de justiça, vamos convidar todas as autoridades empresárias, formadores de opinião, imprensa, para assistir. Quero criar um fato consumado. A obra é de Pernambuco. Qualquer governador, qualquer deputado, qualquer político, vai ter que dar uma ajuda, pelo menos com o entusiasmo, para que Pernambuco não perca essa chance. 

*Pernambuco não recebe um grande investimento como esse há muito tempo, correto?*

Esse é o maior investimento. A folha de pagamento é de R$ 220 milhões por ano. Esse é o valor que se paga por ano e que vai passar a circular na economia local. 

*Em relação à viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pernambuco, próxima semana, o senhor já sabe como será essa agenda e se como pernambucano estará presente na comitiva de Lula?*

Eu não recebi ainda a agenda. Eu tenho uma agenda complicadíssima, mas vou procurar saber para ver como me encaixo para estar presente no dia 22.   

*O senhor que tem ajudado o presidente Lula na articulação também pela sua experiência política. O presidente da Câmara, Arthur Lira, andou dizendo que o presidente Lula não tem base para aprovar matérias. O que o senhor diz disso?*

Eu não sei. O governo diz que tem, o ministro Alexandre Padilha é muitíssimo competente. São dois homens muito competentes, tanto o ministro Padilha quanto o presidente da Câmara. Vamos aguardar. Nos próximos dias vamos ter um embate para fazer essa aferição.

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