Rede social X admite que várias contas bloqueadas no Brasil burlaram restrições
Os titulares das contas bloqueadas recorreram à "criação de novas contas e da exploração de vulnerabilidades sistêmicas para perpetuar as suas atividades", acrescentou a rede social
A rede social X admitiu nesta sexta-feira (26) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os usuários de várias contas bloqueadas pela justiça "exploraram vulnerabilidades" para continuar ativos na plataforma.
Estes indivíduos, após terem as suas contas bloqueadas, adotaram diferentes estratégias para desafiar a ordem de bloqueio e, também, as regras das plataformas", disse a representação do X no Brasil em um ofício dirigido ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Os titulares das contas bloqueadas recorreram à "criação de novas contas e da exploração de vulnerabilidades sistêmicas para perpetuar as suas atividades", acrescentou a rede social.
Moraes intimou no sábado (21) a plataforma de propriedade do bilionário Elon Musk a explicar por que teria supostamente descumprido parcialmente as ordens judiciais contra essas contas.
A Polícia Federal (PF) informou ao ministro do STF que pessoas com contas bloqueadas no X conseguiam participar de transmissões e interagir com outros usuários na plataforma, segundo detalhes do relatório citados pelos representantes da empresa.
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Embora as contas tenham permanecido bloqueadas conforme ordenado pela justiça em uma investigação sobre desinformação, houve transmissões ao vivo por meio de links colocados abaixo das descrições dos perfis.
Os advogados da X apontaram uma "falha operacional" no acesso à plataforma por meio de aplicativos de celular.
Isso permitiu que os titulares das contas bloqueadas publicassem temporariamente links abaixo das descrições de seus perfis que redirecionavam para transmissões ao vivo fora da plataforma, explicou o X.
A rede social também reconheceu que a função de áudio "Spaces" foi usada para permitir que usuários brasileiros da plataforma pudessem interagir com os indivíduos sob investigação, que participavam por meio de perfis de terceiros.
A plataforma esclareceu que as infrações ocorreram em apenas seis das mais de 200 contas bloqueadas por ordem judicial no Brasil.
"Não há que se falar, portanto, em 'reativação das contas' ou autorização 'para uso da plataforma', mas sim em uma falha técnica isolada", afirmou.
As contas mencionadas pertencem a figuras conservadoras como o senador Marcos do Val (Pode-ES), ex-aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, de acordo com trechos do relatório da PF citados no ofício do X.
Em sua cruzada contra a desinformação na internet, Alexandre de Moraes ordenou o bloqueio de contas de usuários em plataformas on-line, incluindo o X, principalmente após tentativas de apoiadores de Bolsonaro de desacreditar o sistema de votação eletrônico durante a campanha eleitoral passada.
Musk havia chamado Moraes de "ditador" e pediu sua destituição.
Posteriormente, o ministro ordenou que o bilionário fosse investigado como suspeito de "instrumentalização criminosa" da plataforma X.
No domingo, Bolsonaro definiu Musk em um comício em Copacabana, no Rio de Janeiro, como um homem que "preserva a liberdade" de expressão.