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ENTREVISTA COLETIVA

Relação com Trump, Kassab 'injusto' e confiança em Galípolo: veja os 7 recados de Lula

Presidente respondeu perguntas de política externa, como a relação com o presidente dos Estados Unidos, a questões internas

Presidente Lula na entrevista coletiva no Palácio do PlanaltoPresidente Lula na entrevista coletiva no Palácio do Planalto - Foto: Evaristo Sá/AFP

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Em sua primeira entrevista após mudanças na estratégia de comunicação do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu uma série de perguntas que trataram desde a política externa, como a relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à questões internas, como as críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab, à sua gestão. Comentou ainda a possibilidade de um novo aumento de combustíveis, novas medidas de ajuste fiscal e a atuação do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que indicou para o cargo.

Veja os principais recados:

Relação com Trump
Lula afirmou que pretende "melhorar a relação com os Estados Unidos", e pediu que o novo presidente, Donald Trump, "respeite o Brasil". Lula disse, por outro lado, que um eventual aumento nas taxas de produtos brasileiros será respondido com reciprocidade.

— Eu quero respeitar os Estados Unidos e quero que o Trump respeite o Brasil. É só isso. Se isso acontecer, está de bom tamanho. (...) Não me preocupo se ele vai brigar pela Groenlândia, se ele vai brigar pelo Golfo do México, se ele vai brigar pelo Canal do Panamá. Ele só tem que respeitar a soberania de outros países.

O presidente também criticou a decisão de Trump de sair do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual chamou de “regressão para a civilização humana”.

Críticas de Kassab
Lula também disse que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi injusto na crítica ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ironizou a previsão de que o petista seria derrotado se a eleição presidencial fosse hoje. Ontem, Kassab, cujo partido integra a base aliada de Lula, chamou Haddad de “fraco” e disse que uma reeleição do petista não seria fácil. Para ele, se a eleição fosse hoje, o PT não estaria na condição de favorito, mas de derrotado.

— Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Eu olhei no calendário e vi que a eleição vai ser só daqui a dois anos, e fiquei muito despreocupado, porque hoje não tem eleição — disse Lula. — Eu acho que ele foi injusto com o companheiro Haddad. Eu posso não gostar de uma pessoa e ter crítica pessoal a uma pessoa, mas não reconhecer que ele começou nosso governo coordenando a PEC da Transição.

Confiança em Galípolo
Durante a entrevista, Lula elogiou e fez questão de ressaltar que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem autonomia para conduzir a instituição. Assim, evitou declarações que pudessem impactar o preço do dólar.

— Tenho consciência que um país como o Brasil, o presidente do Banco Central não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida de juros pelo outro presidente, e o Galípolo fez o que ele entendeu o que deveria fazer.

O petista afirmou ter confiança no presidente do BC e que vai entregar os melhores resultados dentro do que for possível:

— Nós aqui como governo temos que cumprir nossa parte, a sociedade cumpre a parte dela e o companheiro Galípolo cumpre a função que ele tem que é de coordenar a política monetária brasileira e entregar para nós, dentro do possível, a inflação e juros mais baixo. É isso o que vai acontecer.

Ajuste fiscal
Questionado se há novas medidas de ajuste fiscal no radar do governo, o presidente declarou que não há nada além do que já foi anunciado previsto para este ano. Lula deixou claro, contudo, que “caso se apresente durante o ano a necessidade de fazer alguma coisa”, a gestão irá “sentar e decidir”.

— Se depender de mim, não tem outra medida fiscal nesse país. O que vamos agora é pensar no desenvolvimento sustentável, continuar mantendo a estabilidade fiscal e sem fazer com que o povo pobre pague o preço de alguma irresponsabilidade de um corte fiscal desnecessário.

Preço dos combustíveis
Lula afirmou ainda que o governo não interfere na definição dos preços dos combustíveis. Ele disse que a decisão de aumentar o preço do diesel e da gasolina cabe à Petrobras e que não precisará nem mesmo ser comunicado.

— Se a Petrobras tiver que fazer um reajuste, ainda assim, não levando em conta a inflação, ainda assim será menor do que dezembro de 2022. Ainda não fui avisado por ela (Magda Chambriard) se vai fazer aumento ou não. E se ela achar importante, que ela faça e não precisa me comunicar.

Em reunião no Palácio do Planalto na segunda-feira, Magda o avisou que a Petrobras precisará reajustar o preço do diesel para compensar a variação do dólar.

Reforma ministerial
Ele evitou responder diretamente se fará uma reforma ministerial em seu governo após as eleições que vão trocar os comandos da Câmara e do Senado, no sábado. Disse ter ficado satisfeito com a reunião que fez com sua equipe de auxiliares no início do ano, na Granja do Torto, mas ponderou que é normal fazer mudanças caso os responsáveis pelas áreas “estejam com desempenho abaixo do esperado”

Questionado se a presidente do PT, Gleisi Hofmann, será ministra do governo, Lula disse que ela tem total condição de ser ministra, mas que ainda não conversou com ela:

— A Gleisi tem condição de ser ministra em muitos cargos. Até agora não tem nada definido, eu não conversei com ela, ela não conversou comigo.

No mesmo tópico, Lula defendeu o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para o governo de Minas Gerais em 2026.

— Se eu pudesse falar, eu falaria (se Lira e Pacheco entram no governo). Mas o que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais.

Reeleição em 2026
Lula também fugiu da pergunta sobre uma possível reeleição em 2026, mas reforçou que está com boa saúde e com “jovialidade”:

— Eu sinceramente não quero discutir 2026. Olhe bem para o que eu estou falando, eu estou com muita jovialidade. Se você perguntasse para mim quantos anos você tem, eu ia falar: Tenho 79, mas estou com minha energia de 30 anos. Eu não tenho nenhum problema. Não tive doença, tive acidente. (...) Tenho certeza que vocês não aguentam a agenda que eu faço.
 

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