Relator da CPI, Renan fala em ministério paralelo e gabinete das sombras no governo Bolsonaro
Para Calheiros, tanto Teich como Mandetta deixaram claro que não sabiam que o governo havia determinado aumento da produção de cloroquina e que isso foi feito ao 'arrepio do Ministério da Saúde'
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) avaliou que o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich nesta quarta-feira (5) reforça elementos de que há um "ministério paralelo" no governo que elabora diretrizes no combate à pandemia do coronavírus.
"Estes primeiros depoimentos deixam clara a existência de um ministério paralelo da saúde. Um poder paraestatal, das sombras, um gabinete das sombras, desconhecido, que não apenas aconselha, assessora, mas produz documentos, como a burla na bula, encaminha soluções, como produzir mais cloroquina, e confronta as orientações dos médicos", avaliou.
Para Calheiros, tanto Teich como Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro que prestou depoimento na terça (4), deixaram claro que não sabiam que o governo havia determinado aumento da produção de cloroquina e que isso foi feito ao "arrepio do Ministério da Saúde".
Leia também
• CPI aprova convocações de Ernesto Araújo, Fabio Wajngarten e secretário de Saúde do AM
• Senadoras e senadores batem-boca; CPI é retomada após protesto pela fala da bancada feminina
• Com Teich na CPI da Covid, Bolsonaro chama de canalha quem se opõe ao 'tratamento precoce'
"Os dois foram ignorados nas orientações desaconselhando a cloroquina, o isolamento, uso de equipamentos de proteção e divergências sobre o conceito de imunidade de rebanho", afirmou o relator.
O relator também disse que o depoimento de Teich foi "despolitizado", que ele deixou claro que rechaçava políticas negacionistas.
"Em nome da própria biografia o ministro pediu demissão por defender que, além de ineficaz, o medicamento apresentava riscos efetivos à saúde pública", comentou Calheiros.