CPI 8 de Janeiro

Relatório final da CPI aponta minuta do golpe, acampamentos e lives como provas contra Bolsonaro

Veja elementos apresentados em documento entregue para a comissão que investigou os atos golpistas

Jair Bolsonaro, ex-presidente do BrasilJair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil - Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

O relatório da CPI do 8 de Janeiro, apresentado nesta terça-feira, elenca uma série de eventos como provas para sustentar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como autor intelectual e moral dos atos golpistas. O documento, produzido pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA), aponta que o antigo mandatário “instrumentalizou não somente órgãos, instituições e agentes públicos, mas também explorou a vulnerabilidade e a esperança de milhares de pessoas”.

Em mais de 1100 páginas, diversos episódios relatados aos deputados e senadores da comissão aparecem para formar a teia que, segundo a relatora, justificam a responsabilidade de Bolsonaro e de outros integrantes do último governo.

Confira quais são as provas:

Encontro com hacker
Nesse sentido, o relatório final também apresenta como prova o relato do encontro entre o então presidente Jair Bolsonaro e o hacker Wagner Delgatti Junior. O objetivo da reunião, segundo Delgatti, era tramar conspirações para apontar uma suposta fraude nas urnas eletrônicas, como a produção de um código-fonte adulterado. Delgatti também contou aos parlamentares que teria recebido a proposta de assumir a autoria de um grampo do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.

“Referido hacker se encontrou no Palácio do Alvorada com o então presidente da República, momento no qual teria recebido a missão de contribuir com informações para relatório que estava sendo construído pelas Forças Armadas, cujo ponto central era evidenciar suposta vulnerabilidade do processo eleitoral. Referido relatório foi efetivamente construído e enviado a TSE”, afirma o relatório.

Reunião com embaixadores e militares
Outra evidência apresentada pela relatora é a reunião entre Bolsonaro e embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto. Neste encontro, mais uma vez, o então presidente tentou descredibilizar as urnas eletrônicas. A relatora Eliziane Gama também destacou relatos feitos à CPI sobre encontros entre o então presidente Jair Bolsonaro e integrantes das Forças Armadas.

“Depois das eleições de 2022, ainda durante o mandato, Bolsonaro se reuniu por diversas vezes com os comandantes das Forças Armadas, fora da agenda presidencial oficial, com fins pouco republicanos, segundo o que apurou a Comissão”, diz o relatório.

Instrumentalização da PRF
Outro ponto ressaltado no documento foi a ação da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno da eleição. Segundo o relatório, o ex-presidente Jair Bolsonaro operou o aparato estatal para permanecer no poder.

“No segundo turno da votação, em verdadeira forma de violência política, foram realizados diversos bloqueios e fiscalizações (blitze), que interferiram no deslocamento de eleitores naquela região - tudo com o intuito de reduzir o número de votos no então candidato Lula, tentando ganhar o jogo escondendo as peças do seu adversário”, diz o relatório.

Acampamentos
Após o resultado do segundo turno da eleição, milhares de pessoas passaram a se reunir em frente a quartéis do Exército cobrando uma intervenção militar. O relatório destaca, então, que, ainda no mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro não tomou qualquer ação para a retirada dos manifestantes ou se pronunciou sobre os pedidos feitos pelo grupo.

“Nunca houve qualquer discurso ou pedido de Jair Bolsonaro para que os acampamentos fossem desmobilizados – na prática, houve verdadeiro "silêncio eloquente" do então ocupante do posto de presidente da República, incentivando os acampados a permanecerem nos locais”, diz o relatório.

Minuta do golpe
A última evidência apontada no relatório são as informações recentes de que o ex-assessor do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, teria entregue a ele uma “minuta de golpe”. O episódio teria sido presenciado pelo ex-ajudante-de-ordens do presidente, o tenente-coronel Mauro Cid, que fechou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal.

Lives contra as urnas

A relatora citou que, durante o seu mandato, Bolsonaro participou de inúmeras transmissões em que questionou o sistema eletrônico de votação, apesar de nunca ter apresentado qualquer evidência técnica ou factual da vulnerabilidade das urnas. Em uma dessas transmissões, aponta o documento, Bolsonaro vazou o teor de um processo sigiloso que apurava a invasão de sistemas do Tribunal Superior Eleitoral.

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