CPI do 8 de Janeiro

Relatórios da Abin alertaram sobre risco de sabotagem após 8 de janeiro

Documentos estão sob análise na CPI de 8 de Janeiro

Em relatórios, Abin alertou para o "risco de mobilização" de "indivíduos isolados" depois de 8 de janeiro Em relatórios, Abin alertou para o "risco de mobilização" de "indivíduos isolados" depois de 8 de janeiro  - Foto: Antonio Cruz

Logo após os atos golpistas de 8 de janeiro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou para a possibilidade de novos episódios em função do “risco de mobilização” de “indivíduos isolados” e “pequenas células com acesso a armas e explosivos” para atingir “infraestruturas críticas” do país. Os avisos constam em dois relatórios do órgão produzidos em 17 e 19 de janeiro.

Além do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, o órgão enumerou uma série de episódios ocorridos pelo Brasil entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023 que teriam como objetivo provocar o caos no país. Entre eles, está a localização de um artefato explosivo colocado embaixo de um viaduto em Feira de Santana (BA), em 10 de janeiro. O objeto foi desmontado e recolhido pelo esquadrão antibombas da polícia. No local, havia um bilhete que dizia "se não resolver a desgraça do país, vamos quebrar tudo".

O relatório elenca ainda a derrubada de três torres de transmissão no Paraná e em Rondônia e nove tentativas de "sabotagem" no sistema elétrico de cinco estados, entre 28 de dezembro e 16 de janeiro. Em uma torre de transmissão situada no trecho entre as cidades de Balsas (MA) e Ribeiro Alves (PI), a ocorrência chamou a atenção: “A equipe da Eletronorte encontrou dois botijões no local preparados para serem explodidos”, anotaram os oficiais de inteligência.

No documento, a Abin destaca que esses eventos tiveram “característica de sabotagem”, e não de furtos corriqueiros em que só pequenas peças são levadas. O órgão também listou a tentativa do bloqueio de acesso a refinarias em cinco Estados nos dias 8 e 9 de janeiro. Os atos acabaram sendo desbaratados pelas forças policiais na época.

No documento, o órgão também afirma que detectou a atuação do que chama de “EVIM” (extremistas violentos ideologicamente motivados) — a nomenclatura é utilizada internacionalmente para definir grupos xenófobos, racistas e neonazistas. "No transcurso do período eleitoral e de transição de governo, observou-se aumento da visibilidade do perfil de atuação de EVIM", diz o texto.

“Apesar da parcial articulação do movimento em razão da repercussão dos atos de 8 de janeiro, com intervenção e reforço da segurança, prisões e determinação de desmobilização dos acampamentos, permanece o risco de mobilização para violência de indivíduos isolados ou pequenas células com acesso a armas de fogo e explosivos com objetivo de atingir infraestruturas críticas”, escreveram os oficiais da Abin.

Relatórios após críticas
Após os atos de 8 de janeiro, a Abin passou a ser alvo de críticas de integrantes do governo Lula por não ter antecipado os ataques às sedes dos três Poderes. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixou da falta de avisos:

— Aqui nós temos inteligência do Exército, do GSI, da Abin, da Marinha, da Aeronáutica. A verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar o presidente da República que poderia ter acontecido isso — declarou, em entrevista à Globonews.

Diante das reclamações, o órgão intensificou a produção de relatórios de inteligência mais detalhados para municiar o governo federal — é o caso desses documentos revelados pelo Globo e de outros que detalham, por exemplo, a suposta "articulação" de um movimento do agronegócio em "atos intervencionistas". Os documentos estão sob análise da CPI do 8 de Janeiro.

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