EX-PRESIDENTE

"Respeito", "fraude": as palavras mais usadas pelo relator ao votar por inelegibilidade de Bolsonaro

Levantamento foi feito pelo Globo com base nas 200 páginas que Benedito Gonçalves leu na sessão da última terça-feira

Ministro Benedito GonçalvesMinistro Benedito Gonçalves - Foto: Abdias Pinheiro / ASCOM TSE

De "respeito" a "manipulação", os ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral foram o centro da decisão lida nesta terça-feira pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É o que revela um levantamento feito pelo Gloo com base nas 200 páginas do texto, o primeiro voto favorável à inelegibilidade do antigo mandatário.

Ao todo, Gonçalves usou mais de 8 mil palavras na decisão, mas alguns termos se destacam, como "voto" (134 vezes), "live" (92 vezes) e "fraude" (81 vezes). O termo mais citado foi "eleitoral", 237 vezes.

"Junto com a repetição das inverdades factuais, um pensamento intrusivo foi persistentemente cultivado a cada vez que o então Presidente da República verbalizava seu desejo por eleições transparentes e por resultados autênticos. A mensagem comunicada era que as Eleições 2018 foram marcadas pela fraude e que uma conspiração contra sua reeleição rondava o pleito de 2022, colocando em risco a paz e a democracia", afirmou Gonçalves em dado momento.

O levantamento demonstra a apresentação feita pelo ministro de todos os ataques realizados pelo ex-presidente antes e depois das eleições de 2022, sempre destacando a ausência de provas e a tentativa de desinformação. A palavra "falsas", por exemplo, aparece 52 vezes, número parecido ao de "prova", repetida em 48 oportunidades durante o documento.
 

"A transmissão foi utilizada para reforçar o discurso desinformativo. Foram repetidas informações falsas e descontextualizadas sobre o sistema eletrônico de votação e ataques a Ministros e servidores do TSE", escreveu Gonçalves.

Além de Bolsonaro (citado 104 vezes), investigado na ação, outros personagens também são destacados recorrentemente na decisão, como Filipe Barros, citado 58 vezes, e Anderson Torres, que aparece 35 vezes. O primeiro, em razão do vazamento de um inquérito da Polícia Federal, e o segundo devido à sua participação na live e pela operação que encontrou uma minuta (que aparece 44 vezes) de golpe em sua residência.

"A minuta do decreto de estado de defesa tratava-se de um texto preparado para dar forma jurídica a uma violenta intervenção no TSE, que poderia culminar na invalidação das eleições presidenciais. Sob pretexto de apurar 'abuso de poder e suspeição' por parte da 'Presidência e de membros do tribunal', cogitou-se criar um órgão de exceção, formado quase majoritariamente por militares, que seria responsável por dizer se o TSE agiu ou não de modo conforme e legal nas eleições presidenciais", afirmou.

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