Réu que matou petista em festa de aniversário no PR vai a júri popular nesta quinta-feira (4)
Marcelo Arruda comemorava 50 anos com a família e amigos quando o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o local e fez dez disparos
O júri popular do homicídio do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, assassinado na própria festa de aniversário que tinha como tema o partido político, em 2022, está marcado para esta quinta-feira (4), em Foz do Iguaçu (PR). A vítima comemorava 50 anos com a família e amigos quando o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o local e fez dez disparos, dos quais quatro acertaram a vítima.
Inicialmente, o julgamento estava marcado para 7 de dezembro de 2023, mas foi adiado a pedido da defesa de Guaranho que alegou ter sido surpreendida com a inclusão no processo de um laudo pericial. Conforme os advogados, a defesa "não foi intimada, nem tampouco participou da produção de provas naqueles autos".
O réu foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) à Justiça por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil – em função da violência política motivada pelo desrespeito às diferenças – e perigo comum, já que os disparos foram efetuados no local da festa e poderiam ter vitimado os convidados presentes. Para o MP, o crime teve motivação política.
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"O contexto foi esclarecido não apenas pelo testemunho dos convidados e da família da vítima, mas também pelas imagens registradas por câmeras de segurança, posicionadas dos lados de dentro e fora do salão. Foi um homicídio cometido a sangue frio e o julgamento terá caráter sancionador da responsabilização do acusado, com consequências de natureza pedagógica para toda a sociedade, já que envolve um contexto de violência política insuflada na campanha de 2018 e seguintes, que precisa ser cessada no nosso país" defende o advogado Daniel Godoy Junior, que representa a família de Marcelo Arruda no processo.
Relembre o caso
A comemoração do aniversário de 50 anos ocorria em uma área reservada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A, no dia 9 de julho de 2022. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná, o réu — desconhecido da vítima e familiares — se aproximou da porta do salão de festas de carro, com o som do veículo em alto volume, reproduzindo uma música de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. De acordo com as testemunhas, Guaranho havia saído de um churrasco com mulher e filho e soube que o festejo tinha como tema decorativo o Partido dos Trabalhadores e o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Aos gritos de "Bolsonaro" e "mito", o réu, que estava acompanhado da esposa e do filho – um bebê de colo – ameaçou Arruda mostrando que estava armado e afirmou que voltaria para matar a vítima.
Aproximadamente uma hora depois, Guaranho retornou ao local da festa, sozinho, e começou a disparar contra o alvo e convidados ainda da porta do salão. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança. As imagens mostraram que a vítima tentou se esconder debaixo de uma mesa, onde foi alvejada à queima roupa.
Jorge José da Rocha Guaranho está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Recentemente, ele foi demitido do cargo de policial penal por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por uso de recurso material da repartição em atividade particular (arma), improbidade administrativa e incontinência pública. A decisão é resultado de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado à época do crime, para apurar a atuação do ex-agente da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.
O início do júri do caso Marcelo Arruda está marcado para quinta-feira (4), às 8h00, na Vara Plenário do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, no Polo Centro. O julgamento terá transmissão ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Paraná.