Logo Folha de Pernambuco

Mercosul

Reunião do Mercosul em formato virtual adia 1º encontro de Bolsonaro e Fernández

Em vez de ser presencial, o evento que marcará os 30 anos de lançamento do bloco será virtual

Alberto Fernandez, presidente da ArgentinaAlberto Fernandez, presidente da Argentina - Foto: Esteban Collazo/Presidência da Argentina/ AFP

A chancelaria argentina anunciou na tarde deste sábado (13), que o governo mudou os planos para a Cúpula do Mercosul, marcada para 26 de março. Em vez de ser presencial, o evento que marcará os 30 anos de lançamento do bloco será virtual, "devido à situação sanitária de vários países da região".

Os líderes dos países-membros do grupo já tinham confirmado sua visita. A Argentina exerce a presidência pró-tempore do bloco, que inclui também Brasil, Paraguai e Uruguai como integrantes plenos. Outros sete países sul-americanos são membros associados.

O anúncio saiu depois de uma decisão do governo, na sexta-feira (12), de reduzir os voos internacionais de países que apresentam a nova variante do coronavírus, entre eles o Brasil.

A Argentina já tinha reduzido a frequência entre os dois países em 50% em janeiro. Agora, sobre o total que está circulando, será reduzido em mais 20%. A medida vale, pelo menos, até 9 de abril.

A cúpula era aguardada também porque seria o primeiro encontro presencial entre o brasileiro Jair Bolsonaro e o argentino Alberto Fernández. Em uma live, no dia 4 de março, o presidente brasileiro disse que gostaria de ter com o argentino "uma conversa reservada, nós dois num canto".

A relação entre os dois atuais mandatários, no entanto, foi marcada pela distância. Bolsonaro fez campanha para o adversário de Fernández, Mauricio Macri, na eleição de 2019.

Depois da vitória do peronista, o brasileiro afirmou que não cumprimentaria o argentino e fez várias críticas ao "retorno do kirchnerismo" ao país vizinho, o que identificou como uma guinada de rumo da Argentina "em direção à Venezuela".

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, foi ainda mais explícito. Em setembro de 2020, afirmou que o que estava acontecendo na Argentina devido à longa quarentena imposta por Fernández era uma "calamidade" e que o país tinha sido "destruído por seu governo socialista em poucos meses".

A partir de novembro, porém, houve uma aproximação entre os países, depois que o embaixador Daniel Scioli se instalou em Brasília.

A primeira conversa entre os dois presidentes foi realizada em dezembro de 2020, um ano após a posse de Fernández. Naquele encontro virtual, o presidente argentino pediu que as diferenças do passado fossem deixadas para trás e que "o futuro seja encarado com as ferramentas que funcionam bem" para os dois países, "potencializando todos os pontos de acordo".

Naquela ocasião, Fernández defendeu o aprofundamento da integração no Mercosul, enquanto Bolsonaro ressaltou a meta de reduzir a TEC (Tarifa Externa Comum) e ampliar os acordos comerciais do bloco.

Esses dois temas contrapõem o governo peronista na Argentina e a administração Bolsonaro. Os argentinos resistem a baixar a TEC, sob o argumento de que essa decisão prejudicaria sua indústria nacional, e, por isso, têm colocado travas às negociações de tratados comerciais.

A TEC é um imposto de importação partilhado entre os sócios do Mercosul e precisa da anuência dos quatro membros para ser reformada. Por isso, ainda que tenha chamado o bloco de "nosso pilar de integração", Bolsonaro destacou a necessidade de criar "mecanismos mais ágeis e menos burocráticos".

O Mercosul vive um momento delicado diante da diferença de opiniões dos seus dois maiores sócios. Enquanto o Brasil prega uma maior abertura comercial, os argentinos adotam uma postura mais protecionista.

Veja também

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura
INTERNACIONAL

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura

Três juízes, dois promotores e um militar são detidos por 'conspiração' contra Nicolás Maduro
Venezuela

Três juízes, dois promotores e um militar são detidos por 'conspiração' contra Nicolás Maduro

Newsletter