"Revoltados", diz família de idosa que teve imagem usada por bolsonaristas em fake news
A Polícia Federal desmentiu que uma mulher tenha morrido nas suas dependências nesta segunda-feira
Para disseminadores de informações falsas, esta é a segunda vez que Deolinda Tempesta Ferracini morreu. A primeira foi quando usaram sua imagem em um boato relacionado à Covid-19. Agora, dizem que seu óbito ocorreu após ser presa pelo ato terrorista nas sedes dos três poderes em Brasília no domingo. Diante disso, sua família acordou nesta segunda-feira com a caixa de mensagens lotada, sentindo uma revolta ainda maior pelo uso indevido de imagem — mais uma vez.
Edu Carvalho, fotógrafo responsável pelo registro, feito em 2018, esclareceu que Deolinda, avó de sua esposa, morreu aos 80 anos em 10 de novembro de 2022 após passar alguns dias internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa de Vinhedo (SP) devido a um acidente vascular cerebral (AVC).
"A família está muito chateada com isso. Você tem noção que eu carreguei o caixão dela no enterro? Eu chorei a morte dela", desabafou o fotógrafo. "Ainda usando para esse terrorismo que aconteceu, ficamos revoltados."
Leia também
• Ataques golpistas são condenados em ato pela democracia na Cinelândia
• Fotógrafo de Lula tem material de trabalho roubado após invasão ao Planalto
• Abin alertou sobre risco de invasão a prédios horas antes de atos de terrorismo
A foto de Deolinda que aparece em postagens como se tivesse morrido sob custódia da Polícia Federal foi baixada de um banco de imagem na internet. Além disso, a PF desmentiu que uma mulher tenha morrido nesta segunda-feira nas dependências da Academia Nacional de Polícia.
Acordei com uma enxurrada de pessoas mandando os posts pelas redes sociais e justo hoje que fazem apenas três meses que minha avó nos deixou! Me senti impotente, a internet tem uma força absurda tanto para o bem quanto para o mal. Estamos tentando ao máximo avisar as pessoas, mas muitas desacreditam e ainda pedem para provar, isso dói muito e só vai saber quem estiver na pele um dia. Que isso acabe logo, lamentou Juliana Cuchi Oliveira, neta de dona Deolinda.
A deputada Bia Kicis (PL) foi uma das pessoas que disseminaram a informação falsa. Ela disse esta inverdade na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira, enquanto era votada a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal devido a falhas da Polícia Militar que resultaram na invasão de terroristas nas sedes dos três poderes e na sua consequente depredação, numa tentativa de golpe de estado e ataque à democracia brasileira.