Ronnie Lessa detalhou como assassinato de Marielle foi acertado com delegado
Segundo o ex-PM, combinação prévia de Domingos e Chiquinho Brazão evitaria posteriores tentativas de extorsão por parte dos investig
O ex-PM Ronnie Lessa detalhou à Polícia Federal como o assassinato da vereadora Marielle Franco teria sido acertado com o delegado Rivaldo Barbosa, chefe de Polícia Civil na época do crime. "É melhor você acertar antes o crime do que esperar um bote, foram os termos dele", disse Lessa, citando o que teria ouvido do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE) Domingos Brazão, preso neste domingo junto com seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, sob a acusação de ser mandante do homicídio. Segundo Lessa, o acerto prévio de Domingos e Chiquinho Brazão evitaria posteriores tentativas de extorsão por parte dos investigadores.
"Lessa justifica que a carta branca outorgada por Rivaldo aos irmãos Brazão é uma forma mais segura de se cometer homicídios na capital fluminense, tendo em vista que o ajuste prévio tem o condão de evitar um 'bote', ou seja, extorsão decorrente de investigadores em face dos homicidas para que seus crimes não sejam devidamente investigados", escreveu a PF no relatório da investigação.
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Para os investigadores, "o acerto prévio com o coordenador de todas as investigações que envolvem homicídios em toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro seria mais barato e evitaria a exposição dos autores intelectuais junto ao baixo escalão da Delegacia de Homicídios".
Segundo Lessa, a única exigência imposta por Barbosa aos irmãos Brazão era de que nem o monitoramento de Marielle nem a execução do homicídio poderiam partir da Câmara de Vereadores. "Não pode porque Rivaldo não quer", teria dito Domingos a Lessa.
"É absolutamente deplorável que estejamos diante de um cenário de crime pré-pago no Rio de Janeiro, onde os autores intelectuais avençam com a polícia judiciária a melhor forma de se cometer um homicídio, a fim de que não haja qualquer represália no decorrer de sua futura apuração", concluem os delegados Guilhermo Catramby, Jaime Candido e Leandro Almada, que assinam o relatório final da investigação.