Saiba quais ministros participaram de reunião em que Bolsonaro pede "ação" antes das eleições
Em vídeo obtido pela coluna de Bela Megale, que baseou ação da PF, ministros têm participação ativa no encontro de julho de 2022
Uma reunião no Palácio do Planalto no dia 5 de julho de 2022 é uma das provas citadas pela Polícia Federal como indício de que havia um planejamento para uma tentativa de golpe no país envolvendo integrantes do governo de Jair Bolsonaro. O encontro contou com a participação de ministros, integrantes das Forças Armadas e do deputado federal Filipe Barros (PL-PR).
O vídeo de mais de uma hora de duração mostra a reunião, que segundo a PF, “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo". Na gravação, Bolsonaro aparece alterado, atacando ministros do STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diz que todos ali precisam fazer “alguma coisa” antes das eleições.
O então comandante do ministério da Economia, Paulo Guedes, estava presente na reunião. O ministro, que foi o grande fiador do ex-presidente para o empresariado e mercado financeiro, esboça poucas reações aos pedidos de Bolsonaro, e no máximo, coça a cabeça quando o chefe ordena que seus ministros espalhem desinformação sobre o processo eleitoral.
O general Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, também participou da reunião golpista. As investigações da PF indicam que ele atuou ativamente na tentativa de golpe, coordenando ataques a militares da cúpula das Forças Armadas que “resistiam às investidas golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”. Em mensagens obtidas pela PF, o ex-ministro da Defesa chamou o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, de “cagão”, ao saber que ele não aderiu à tentativa de golpe.
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Preso no ano passado por suposta omissão nos atos golpistas do 8 de janeiro, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres teve participação ativa na reunião e repete a orientação de Bolsonaro para que os ministros propaguem informações falsas sobre as urnas.
— Eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vão se f...— diz Torres.
O então ministro da Defesa de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, aparece no vídeo atacando a Justiça Eleitoral, comparado a um inimigo, e dizendo que Comissão de Transparência Eleitoral é “pra inglês ver”.
— Nós temos reuniões pela frente, decisivas pra gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha!
O general do Exército Augusto Heleno, que também foi alvo da operação da PF, esteve na reunião e contou ter conversado com o diretor-adjunto da Abin sobre a possibilidade de infiltração de agentes na campanha eleitoral e advertiu para o risco de que eles sejam identificados. Ele é interrompido por Bolsonaro, que pediu para que "conversem em particular" sobre a atuação da Abin. Durante o governo do ex-presidente, Heleno foi comandante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Mário Fernandes, que era chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, foi outro ministro que teve fala ativa na reunião. Ele cobra um prazo para que o TSE autorize o acompanhamento das eleições pelos Três Poderes e pede “uma alternativa” antes das eleições.
Revelado pela colunista Bela Megale, o vídeo da reunião ministerial do dia 5 de julho de 2022, foi peça chave para operação deflagrada pela PF nesta quinta, que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus principais aliados em uma suposta tentativa de golpe de estado.