Plano criminoso

Saiba quais são as principais provas contra os integrantes de facção que planejaram sequestrar Moro

Em decisão, juíza federal Gabriela Hardt citou monitoramento do senador, prestação de contas e ainda reunião entre mentores por chamadas de vídeo

Sergio MoroSergio Moro - Foto: arquivo

A maior facção criminosa do país, suspeita de planejar atentados contra autoridades, monitorou endereços ligados ao senador Sergio Moro (União-PR), manteve ativas planilhas de custos da ação e ainda promoveu reuniões por chamadas de vídeo. Essas são algumas das principais provas apresentadas pela juíza federal Gabriela Hardt na decisão em que autorizou o cumprimento de 11 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão contra o grupo nesta quarta-feira (22). No despacho, a magistrada elenca documentos, fotos, mensagens e até a análise de localização dos celulares dos bandidos realizada por policiais federais.

“Portanto, que as provas colhidas indicam que atos criminosos estão efetivamente em andamento na Cidade de Curitiba/PR há pelo menos seis meses, contando com a presença física dos investigados, compra de veículos, aluguel de imóveis e monitoramento de endereços e atividades do senador Sergio Moro”, escreveu a juíza, no documento.

Veja as principais provas contra os criminosos:

Monitoramento de Sergio Moro
A partir de interceptações telefônicas e telemáticas, policiais federais conseguiram rastrear manuscritos que incluíam informações detalhadas sobre Moro e integrantes da família dele, como endereços, nomes dos familiares, telefones e até o email da filha do senador, assim como declarações de bens dele. Em uma das trocas de mensagens interceptadas, há um relato minucioso sobre o “reconhecimento de local” feito no Clube Duque de Caxias, em Curitiba, no Paraná, onde Moro votou na última eleição.

Nessa conversa, feita a partir de um aparelho celular utilizado por Janeferson Aparecido Mariano, um dos alvos da PF, seu interlocutor descreve as câmeras existentes no clube, a equipe de segurança e até as rota de acesso ao local. “Na guarita de acesso, estão dois seguranças e um vigia no pátio, logo após a guarita está o salão ao qual será usado para votação”, diz um dos trechos do print.

Localização dos criminosos
Na decisão, a juíza afirma que, durante as investigações, foi verificado que a antena do telefone de Janeferson Aparecido Mariano esteve no bairro Bacacheri, onde está localizado o clube. Os agentes federais também comprovaram que o mesmo celular esteve no local de residência de Sergio Moro e ainda no escritório de advocacia da mulher do senador.

Prestação de contas
Em mensagens trocadas por WhatsApp, criminosos apresentavam relatórios detalhados de despesas do monitoramento do ex-juiz Sergio Moro. Em uma das mensagens interceptadas por policiais federais, os bandidos do grupo listaram custos com aluguéis de apartamentos, casas e chácaras, e também alimentação e combustível. Em um dos momentos, que seria entre setembro e outubro do ano passado, os valores ultrapassam R$ 130 mil. Em outra conversa, ocorrida supostamente em 17 de fevereiro, o montante chega a R$ 356 mil.

Reunião por chamada de vídeo
Na análise do material extraído de telefones utilizados pelo grupo criminoso, há mensagens entre Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido na facção como Nefo, Artur ou Dodge, e sua principal companheira, Aline de Lima Paixão. Em um dos trechos, ele escreve para ela: “Na linha amor”, para informa-la sobre sua participação em uma reunião por videoconferência.

Na ocasião, Janeferson fez um print da tela, mostrando os rostos de quatro criminosos. Na foto aparecem Patrick Ueliton Salomão, o Forjado, membro da alta cúpula da facção que também foi preso na operação de ontem, e Valter Lima Nascimento, o Guinho, considerado braço direito de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. O bandido é apontado como principal fornecedor de drogas e importante aliado do chefe do grupo, Marco Camacho, o Marcola.

Poder bélico
Nas imagens obtidas pelos investigadores diante da quebra de sigilo telemático, há o registro fotográfico de um fuzil com seis carregadores e duas caixas de munição. “Vale ressaltar que a capacidade bélica dos criminosos é notória, tendo sido obtidas diversos registros fotográficos de armas variadas - dentro de casas, sob móveis, indicando que efetivamente estão prontas para uso da organização criminosa”, afirmou a juíza federal Gabriela Hardt.

Utilização de códigos
Nas mensagens interceptadas pelos agentes federais, também há a utilização códigos para se referir tanto ao ex-juiz Sergio Moro, chamado de "Tokio" quanto à ação planejada pelo grupo criminoso. Em um diálogo entre Janeferson Aparecido Mariano Gomes e sua companheira, Aline Paixão, o bandido pede que ela salve os códigos enviados por ele.

A solicitação, seria para o caso de “Janeferson ser investigado ou ser objeto de alguma ação policial, tal dado não ser encontrado por investigadores”. “Mesmo que autoexplicativo, registramos que “FLAMENGO” é o código para “SEQUESTRO”; “FLUMINENSE” é o código para “AÇÃO” (possivelmente assassinato); “TOKYO” é o código para “MORO” e, por fim “MÉXICO” é o código para “MS” (Estado do Mato Grosso do Sul)”, escreveu a PF.

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