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Saiba quem é Nikolas Ferreira, deputado bolsonarista mineiro que vai presidir a Comissão de Educação

Escolhido para comandar a Comissão de Educação da Câmara, influenciador já brigou com Felipe Neto, André Janones, e teve conta bloqueada por espalhar fake news sobre as urnas

Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL-MG)  - Foto: Divulgação/ Câmara

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), de 27 anos, foi escolhido nesta quarta-feira (6) como presidente da Comissão de Educação da Câmara. A eleição dele para o posto passou por um acordo entre líderes partidários, que foi avalizado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e marcou uma grande derrota simbólica para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes vereador por Belo Horizonte e apoiador entusiasta do presidente Jair Bolsonaro, ele foi o deputado federal mais votado do país, alcançando 1.484.428 votos com 98,88% das urnas apuradas. O segundo deputado federal mais votado, Guilherme Boulos (PSOL-SP), teve 1.001.093..

As redes sociais são a principal ferramenta de divulgação do bolsonarista mineiro. Ele ganhou notoriedade ao gravar um vídeo no qual é impedido de visitar o Cristo Redentor por não apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19. Descreve-se como "cristão, conservador e defensor da família", e coordena o movimento Direita Minas, também divulgado nas redes sociais,

Uma das polêmicas que envolveram Nikolas envolveu a gravação de uma menina de 14 anos dentro do banheiro feminino de uma escola particular. Ferreira usou o registro para criticar a instituição por deixar que uma aluna transgênero utilizasse o espaço.

A postagem foi apontada como transfóbica e uma violação do artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por expor a jovem nas redes, e fez com que o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) instaurasse um inquérito.

Criado na favela Cabana do Pai Tomás, um dos lugares mais violentos de Belo Horizonte, ele é bacharel em Direito pela PUC-Minas, e já comentou nas redes sociais que se sentia "hostilizado" na faculdade por conta de seus posicionamentos políticos contra a esquerda, o feminismo e a "ideologia de gênero". Nikolas já afirmou que "estudantes das comunidades pobres são, em grande maioria, vítimas da doutrinação ideológica".

Nikolas também abarca toda a pauta conservadora defendida pelo ex-presidente. Ele popularizou-se por suas críticas às medidas de combate à pandemia nos últimos dois anos, e é ferrenho defensor do porte de armas. Em termos econômicos, defende bandeiras liberais de desregulação do mercado.

O nome de Nikolas também repercutiu quando acompanhou Bolosnaro no debate presidencial da Band, onde se envolveu em uma discussão com o deputado federal André janones (Avante - MG), apoiador do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Em cenas filmadas, Nikolas aparece fazendo gestos para provocar Janones; o aliado de Lula, que ficou em segundo lugar em Minas Gerais com 236.053 votos, por sua vez, o teria chamado de “mascote da milícia”. As desavenças levaram a organização do evento a separar as campanhas por meio de um cordão de segurança.

"Jesus não veio para o mundo para combater a desigualdade"
O parlamentar foi atacado nas redes sociais pouco tempo depois das eleições ao dizer que Jesus Cristo não tinha como propósito combater desigualdades. A declaração foi feita durante um debate contra Guilherme Boulos (PSOL), segundo deputado mais votado do país. Segundo Ferreira, Jesus “veio pagar um preço que ninguém poderia pagar”, e não acabar com a pobreza.

Ataques às urnas e golpismo nas redes
Nikolas Ferreiras foi um dos congressistas do PL que teve as contas nas redes sociais suspensas por reforçar as invasões às sedes dos Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro, seja incitando os atos ou disseminando, nos dias seguintes, desinformação e teorias da conspiração para relativizar os crimes. Em novembro, o STF já havia determinado a suspensão dos perfis dele no Facebook, Instagram e Twitter devido a ataques ao processo eleitoral.

Gordofobia
Em fevereiro, o deputado compartilhou uma foto da influenciadora Thais Carla vestida de Globeleza nas redes com o comentário: "Tiraram a beleza e ficou só o Globo". A defesa de Thais entrou na Justiça com pedido de indenização por danos morais e uso indevido de imagem. A influenciadora afirma que esse tipo de ação é importante para combater a gordofobia.

Após a grande repercussão negativa do comentário, o deputado postou um vídeo irônico para comentar as críticas:

"Fiz uma declaração aqui sobre essa modelo e vim aqui para pedir desculpa. Pedir desculpa, porque a gente fala, a gente erra, e onde já se viu, né? Onde eu tava com a cabeça de dar a minha opinião. De chamar uma gorda de gorda", disse, acrescentando: "Eu deveria ter tratado a obesidade como romance, como empoderamento, e não como doença" (...) "Onde já se viu, no século 21 ter opinião própria, né?", disse na gravação.

Injúria racial
Nikolas Ferreira poderá responder por injúria racial contra a também parlamentar Duda Salabert (PDT -MG). O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acatou um pedido do Ministério Público sobre o caso e determinou que a 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte analise a queixa-crime da deputada de 2020. À época, o deputado usou um pronome masculino para se referir à Duda, que é uma mulher transexual.

“Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, disse Nikolas sobre Duda em uma entrevista, logo após a eleição para vereador. Durante os dois anos que Nikolas e Duda dividiram a tribuna da Câmara dos Vereadores de BH, os embates foram constantes.

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