Saiba quem é o ministro saudita que presenteou Alckmin e Haddad
Khalid Al Falih está em visita ao Brasil com uma delegação de cerca de 70 empresários árabes
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Ministro de Investimentos do Reino da Arábia Saudita, Khalid Al Falih presenteou ao menos dois representantes do governo brasileiro durante sua passagem por São Paulo esta semana. Fernando Haddad (ministro da Fazenda) e Geraldo Alckmin (vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) devolveram nessa segunda-feira dois itens dados por Al Falih: uma estátua de ouro de onça e outra de camelo.
Falih está em visita ao Brasil com uma delegação de cerca de 70 empresários sauditas, que procuram oportunidades de investimentos no país e participam do fórum de negócios entre Brasil e Arábia Saudita, realizado nesta segunda. Durante a agenda do dia, o ministro árabe encontrou-se com Haddad e Alckmin, que foram presenteados com estátuas de alto valor. Por orientação da Receita Federal, os dois itens precisaram ser devolvidos ao governo saudita.
Com patrimônio liquido de aproximadamente 25 milhões de dólares — o equivalente a cerca de R$ 120 milhões na cotação atual — Khalid Al Falih foi citado, em 2016, na lista das pessoas mais poderosas do mundo da Forbes. Seu salário mensal, além de outros ganhos de carreira, somam mais de 4 milhões de dólares por ano (ou quase R$ 20 milhões).
Antes de ocupar o atual cargo no governo, Falih passou por outras duas posições. Entre 2015 e 2016, foi Ministro da Saúde da Arábia Saudita. No mesmo ano em que deixou a posição, assumiu o Ministério da da Energia, Indústria e Recursos Minerais, anteriormente chamado de Ministério do Petróleo, onde ficou até 2019. No ano seguinte, passou a comandar o Ministério de Investimentos.
Além de sua presença no governo, Al Falih foi presidente e CEO da Saudi Aramco, a companhia petrolífera estatal do reino. Entre 2009 e 2015, quando esteve no cargo, o atual ministro chefiou o projeto Manifa, um campo de petróleo localizado em uma baía ao longo da costa do Golfo Pérsico. Após o seu lançamento, produziu 500 mil barris de petróleo bruto por dia.
Atualmente, a Saudi Aramco é considerada a maior do mundo no ramo, em termos de reservas de óleo cru e de produção. O valor da empresa foi estimado em até 2 trilhões de dólares (quase R$ 10 trilhões), segundo o Financial Times.
Khalid Al-Falih é casado com Najah Al-Garawi, com quem teve três filhos. O casal vive no município de Darã, na Arábia Saudita, onde fica a sede da Aramco.
Protocolo dos presentes
Segundo o protocolo do governo brasileiro, a oferta de presentes a autoridades públicas deve ser feita com aviso prévio ao cerimonial do órgão público agraciado, segundo nota do ministério da Fazenda. Por isso, os ministros foram orientados a devolver as estátuas.
A onça de ouro, oferecida como presente a Haddad, será devolvida à embaixada da Arábia Saudita em Brasília e incorporada ao patrimônio da União, devido ao alto valor do presente, segundo a orientação do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. Já o camelo dado a Alckmin, de acordo com a assessoria da Vice-Presidência da República, foi devolvido no início da noite de segunda-feira, "por vontade e orientação" do vice-presidente.
Caso o governo saudita queira reenviar o presente, será necessário que sejam cumpridos os trâmites exigidos pela legislação brasileira.
Joias Polêmicas
Uma polêmica envolvendo presentes sauditas e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) geraram polêmica recentemente. Em 2021, uma comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou entrar no país ilegalmente com o conjunto com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamante, itens dados pelo governo do país árabe.
O episódio envolveu várias tentativas subsequentes de liberar os presentes da alfândega no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde o material acabou apreendido por não ter sido devidamente declarado. Bolsonaro nega qualquer ilegalidade por parte dele.