Saiba quem são os 15 alvos da operação que investigou plano de facção para matar Moro e autoridades
Sete suspeitos de integrar facção tiveram prisão preventiva decretada e quatro foram alvos de mandados de prisão temporária
Novos detalhes das investigações que deram origem à Operação Sequaz, deflagrada na quarta-feira contra integrantes de uma facção criminosa que planejavam ataques a autoridades, foram conhecidos na tarde desta quinta-feira (23).
A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, decidiu divulgar sua decisão e o relatório policial a respeito do caso. Eram alvos dos planos criminosos o ex-juiz da Lava-jato e atual senador, Sergio Moro (União Brasil-PR), e o promotor do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) Lincoln Gakiya, responsável pelas investigações contra o grupo criminoso há cerca de duas décadas.
De acordo com as investigações, um núcleo da facção gastou quase R$ 3 milhões no plano que envolvia o aluguel de imóveis em Curitiba, onde Moro atuava, e o monitoramento das atividades do ex-juiz e de sua família ao longo de pelo menos seis meses.
Esse grupo era liderado por Janeferson Aparecido Mariano, também conhecido por Nefo, e teria como motivação o desejo de vingança contra Moro por ter, em seu período como ministro da Justiça, assinado portaria que restringiu as visitas a presos em presídios federais.
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Leia abaixo o que a polícia sabe sobre Janeferson e mais 14 suspeitos investigados. Ele e mais seis pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada foram considerados os envolvidos diretos no plano contra as autoridades. Outros quatro suspeitos foram alvos de mandado de prisão temporária devido à suas posições de “relevância” dentro da facção. Já em a outas três, a juíza Gabriela Hardt negou o pedido de prisão sob o argumento de que a polícia não comprovou a “imprescindibilidade” da medida.
Janeferson Aparecido Mariano (prisão preventiva)
Principal investigado, segundo a Polícia Federal, Janeferson é apontado como chefe do grupo “restrita 05”, responsável pelo planejamento e execução do atentado contra Moro. Os investigadores destacaram no pedido de prisão de Janeferson que o suspeito desfruta de bens caros, o que “só ocorre com os integrantes do topo da pirâmide” da facção criminosa.
Foi a partir de mensagens enviadas por Janeferson que os investigadores descobriram o uso dos códigos “Flamengo”, usado para “sequestro”, e “Tokio”, atribuído a Sergio Moro.
Claudinei Gomes Carias (prisão preventiva)
Também chamado pelo codinome “Carro”, Claudinei alugou uma casa em Curitiba (PR) que seria usada no plano contra Sergio Moro e era responsável “pelas vigilâncias e levantamentos” sobre o senador, segundo a polícia. Os investigadores tiveram acesso a um vídeo gravado por Claudinei no dia 3 de fevereiro deste ano. A filmagem mostra a fachada do prédio onde Moro tem apartamento, na capital paranaense.
Claudinei também era o responsável por prestar contas dos gastos com a operação para o comando da facção criminosa. De acordo com a polícia, há indícios de que ele teria desviado valores “para proveito próprio”.
Herick da Silva Soares (prisão preventiva)
Também conhecido como Sonata, Herick é “ligado diretamente” a Janeferson no núcleo que planejava o atentado contra Moro. O suspeito é apontado nas investigações como “principal operacional de confiança” de Claudinei, o responsável pela contabilidade do grupo. Em uma das mensagens obtidas pelos policiais, Herick se reporta a Janeferson a respeito da compra de um imóvel.
Franklin da Silva Correa (prisão preventiva)
Irmão de Herick, Franklin (ou Frank) tem 26 anos e é ligado à parte financeira da “restrita 05” e fazia o levantamento de possíveis vítimas da organização criminosa, de acordo com as investigações. É considerado um “funcionário” do grupo.
Aline de Lima Paixão (prisão preventiva)
Namorada de Janeferson, Aline não integra a organização criminosa, mas armazena dados e presta “auxílio direto” na contabilidade feita pelo companheiro, segundo a polícia. Os investigadores relataram à Justiça que Aline auxilia “conscientemente na prática dos crimes em apuração”.
Aline Arndt Ferr (prisão preventiva)
Aline foi responsável por compilar todos os dados da família Moro, de acordo com as informações do seu celular. A polícia também identificou que ela tem um imóvel de alto padrão em seu nome, o que indica “possível patrimônio ilícito”, e participa “ativamente” das atividades de Janeferson.
Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui (prisão preventiva)
Cintia usava o codinome “Luana” e desfruta de “muita confiança” dentro da organização criminosa, segundo os investigadores. Ela recebeu um carro em seu nome para fazer a vigilância de Sergio Moro. Participou de buscas por chácaras para alugar na região de Curitiba.
Patrick Uelinton Salomão (prisão temporária)
Patrick Uelinton Salomão, conhecido como Farjado, deixou a Penitenciária Federal de Brasília, em fevereiro do ano passado, após cumprir pena de 15 anos e 10 meses de prisão. Ele responde por organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico, inclusive em um processo decorrente de um inquérito do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, do qual Gakiya faz parte.
Forjado também já foi réu em processos por homicídio e lavagem de dinheiro. Em uma das ações, chegou a ser acusado pelo Ministério Público, junto a outros criminosos, de ocultar a movimentação financeira de R$ 1 bilhão decorrentes de atividades ilícitas da facção criminosa, entre janeiro de 2018 e julho de 2019.
Valter Lima Nascimento (prisão temporária)
Valter Lima Nascimento, conhecido como Guinho ou Zoinho, apontado como braço-direito do maior fornecedor de drogas para essa facção criminosa, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Investigações mostram também que ele seria o elo entre o grupo e traficantes de outros países da América Latina.
Nascimento já esteve preso em 2002, 2004, 2006, 2017 e 2019, quando foi flagrado com 400 quilos de cocaína num shopping em Santo André. Na ocasião, foi libertado sete meses depois, após conseguir um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Reginaldo Oliveira de Sousa (prisão temporária)
Reginaldo Oliveira de Sousa, conhecido como Rê, também integra a maior facção criminosa do Brasil e possui antecedentes por roubo e tráfico de drogas. Em uma das vezes que foi preso, em agosto de 2003, estava em um carro roubado onde uma granada foi encontrada. Na época, ele foi apontado como um dos que atacaram três soldados da PM, em Taboão da Serra, nos dias anteriores, com artefatos explosivos.
Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan (prisão temporária)
Tido como um dos nomes importantes dentro da hierarquia da quadrilha, Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, conhecido como El Sid, possui anotações por roubo, tráfico de drogas, associação para o tráfico, além de homicídio. Em setembro do ano passado, após seus advogados entrarem com um pedido na justiça para que ele respondesse pelos crimes em liberdade, ele foi colocado nas ruas.
Hemilly Adriane Mathias Abrantes (pedido de prisão negado)
Prestou auxílio logístico para a organização criminosa na cidade de São José dos Pinhais (PR), segundo a polícia. A Mercedes-Benz blindada que poderia ser usada no sequestro de Moro foi transferida para o pai de Hemilly no início de fevereiro deste ano. Apesar de reconhecer “indícios de seu envolvimento” com o plano criminoso, a juíza Gabriela Hardt negou o pedido de prisão preventiva de Hemilly.
Oscalina Lima Graciote (pedido de prisão negado)
Ex-companheira de Janeferson, Oscalina e o criminoso usam empresas de fachada para investir o dinheiro ilícito obtido a partir de práticas criminosas. Apesar de reconhecer “indícios de seu envolvimento” com o plano criminoso, a juíza Gabriela Hardt negou o pedido de prisão preventiva de Oscalina.
Ana Carolina Moreira da Silva (pedido de prisão negado)
Apontada como operadora financeira de Claudinei, Ana Carolina tem “relevância grande” na facção, “pois os erros com valores da ORCRIM (organização criminosa) resultam em punições rigorosas”, segundo o relatório policial. Apesar de reconhecer “indícios de seu envolvimento” com o plano criminoso, a juíza Gabriela Hardt negou o pedido de prisão preventiva de Ana Carolina.
“Milco” (não foi identificado na investigação)
Pessoa não identificada nas investigações, “Milco” tem posição hierárquica abaixo de Janeferson e acima de Claudinei, Herick e Franklin. Ele cobra os demais e tem “forte ligação” com o chefe do núcleo responsável pelo plano de atentado contra Moro, segundo os investigadores.