GSI

Saída de Gonçalves Dias amplia desconfiança com indicados de Bolsonaro que seguem no GSI

Um dos principais desconfortos está concentrado com o general Marcius Cardoso Netto, secretário de Segurança e Coordenação Presidencial

Gonçalves Dias e o presidente Lula Gonçalves Dias e o presidente Lula  - Foto: Ricardo Stuckert / PR

A saída do general Gonçalves Dias do comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ampliou o clima de desconfiança com ocupantes de postos de comando do ministério que foram indicados pelo governo de Jair Bolsonaro ou são ligados à gestão anterior e permanecem no Palácio do Planalto. O incômodo está concentrado em ocupantes de três das quatro secretarias do GSI, além do titular do Departamento de Gestão, responsável pela nomeação de todos os militares lotados no Planalto.

Um dos principais desconfortos está concentrado com o general Marcius Cardoso Netto, secretário de Segurança e Coordenação Presidencial. Caberia a ele comandar a segurança presidencial se o governo não tivesse tirado do GSI a atribuição da proteção de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.

Com a criação da Secretaria Extraordinária Segurança Imediata do Presidente, atualmente sob gestão de um delegado da Polícia Federal Alexsander Oliveira, o general ficou com a atribuição mais restrita à segurança do Palácio do Planalto. Há, no entanto, uma tensão com a relação entre os policiais federais da Secretaria de Segurança Aproximada do Presidente com os militares.

O Globo apurou que, apesar da segurança de Lula e Alckmin ser atribuição da PF, a secretaria comandada pelo general segue enviando militares para agendas de Lula no Brasil e no Exterior. Um exemplo foi para a recente viagem presidencial à China, onde foram enviados militares para segurança de Lula, mesmo com o trabalho liderado pela PF. O mesmo se repete em agendas nacionais.

As ligações do general Marcius com o governo passado também incomodam atuais integrantes do Planalto. No cargo desde 23 de janeiro, o general foi indicado pelo ex-comandante do Exército, Júlio Cesar Arruda.

A nomeação ocorreu dois dias antes de Arruda ser afastado por insistir em manter o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como chefe de um batalhão em Goiás.

Marcius também foi oficial do gabinete do general Eduardo Villas Bôas, quando este estava à frente do comando do Exército, em 2018. Em 2020, durante a gestão do general Edson Pujol, foi o chefe de gabinete do oficial. Durante governo Bolsonaro, foi promovido de coronel a general de brigada.

Na segunda-feira, o ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional, Ricardo Cappelli, afirmou que está acelerando a troca dos quadros da pasta. Segundo ele, foram substituídos cerca de 35% dos servidores que trabalhavam no GSI.

De acordo com Cappelli, a sindicância que foi aberta para apurar a participação de integrantes da pasta nos atos de 8 de janeiro está sendo acelerada, e deve ser concluída antes do prazo final, previsto para 30 de maio.

Um segundo foco de atenção está concentrado na Secretária de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional, ocupada pelo brigadeiro de ar Max Cintra Moreira. O militar foi empossado pelo general Augusto Heleno, homem de confiança de Bolsonaro, em abril de 2022 e permanece no posto.

Foi promovido ao posto em março de 2020, antes foi Adido de Defesa e Aeronáutico da Embaixada na China. No cargo, integrou o Conselho Nacional da Amazônia Legal do governo Bolsonaro, presidido pelo ex-vice-presidente Hamilton Mourão.

Mais um remanescente da equipe do segundo escalão do general Heleno é o contra-almirante Marcelo da Silva Gomes. O militar ocupa a Secretaria de Coordenação de Sistemas desde novembro de 2021. Pouco depois foi promovido ao atual posto. No cargo, integra o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro.

Outro posto considerado chave no GSI, ocupado por nome indicado pelo governo anterior, é a Diretoria do Departamento de Gestão, onde o coronel Gladstone Barreira Júnior está lotado desde abril de 2019.

Por ele, passaram não só todas as requisições e designações de militares lotados no Palácio do Planalto na gestão de Bolsonaro, como mudanças dos primeiros meses do governo Lula.

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