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"Sangue", "guerra civil" e ataques ao STF: as outras mensagens de Bolsonaro a empresário no WhatsApp

Em textos enviados a fundador da Tecnisa, revelados pelo UOL, Bolsonaro também compartilha desinformação sobre vacinas contra a covid-19

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

O então presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao empresário Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, ao menos 18 mensagens contendo ataques ao Judiciário e desinformação sobre urnas eletrônicas e vacinas contra a covid-19 ao longo do ano passado. O teor dessas mensagens foi revelado pelo portal UOL.

Uma das mensagens enviadas por Bolsonaro a Nigri, e posteriormente compartilhada com outros empresários, fala em "sangue" e "guerra civil" no caso de derrota nas eleições do ano passado.

A mensagem consta em um relatório da Polícia Federal (PF) sobre conversas do fundador da Tecnisa com o ex-presidente. Depois que Bolsonaro lhe enviava as mensagens, Nigri reencaminhava para diversos grupos e contatos de WhatsApp.

Outras mensagens publicadas pelo Globo na terça-feira (22), mostram que Jair Bolsonaro também solicitou a Nigri "repassar ao máximo" um texto que insinuava, sem provas, uma fraude do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições do ano passado.

A PF afirma que a mensagem tinha "conteúdo não lastreado ou conhecidamente falso (fake news), atacando integrantes de instituições públicas especialmente Ministros do STF, desacreditando o processo eleitoral brasileiro".

Uma das novas mensagens relevadas pelo UOL é de junho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro enviou a Meyer Nigri um vídeo em que aparece o ministro Alexandre de Moraes e uma pessoa desconhecida relata um suposto "esquema para fraudar as eleições".

No material aparece ainda a seguinte mensagem: "A ESTRATÉGIA, O PODER, A QUALQUER CUSTO. O POVO TÁ ESPERTO. Compartilhem. PF precisa ver isso. TEREMOS SANGUE!!! GUERRA CIVIL".

Já em agosto de 2022, segundo o UOL, Bolsonaro encaminhou a Nigri um texto com o título: "O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil". O texto trazia uma série de informações falsas sobre o STF e as eleições.

Em outras mensagens, o ex-presidente compartilhava ataques às urnas eletrônicas. Esse material também era compartilhado por Meyer Nigri em outros grupos de Whatsapp.

Um desses textos com desinformação dizia que: "Hackers impediram Bolsonaro de ganhar as eleições de 2018 no 1º turno. Mas não agiram da mesma forma no 2º turno porque o PT não lhes pagou a metade do prometido logo após o 1º turno".

Ainda segundo a reportagem do UOL, Bolsonaro encaminhou ao menos quatro notícias falsas sobre as vacinas da covid-19. As mensagens diziam que as vacinas não eram seguras.

Hang e Nigri investigados
Os trechos da conversa entre Bolsonaro e Nigri foram utilizados como justificativa pelo ministro Alexandre de Moraes para prorrogar uma investigação contra o empresário.

Na segunda-feira (21), Moraes arquivou uma investigação contra seis empresários por trocarem mensagens de cunho golpista em um grupo de WhatsApp. O ministro, contudo, prorrogou a apuração contra Nigri e outro alvo, Luciano Hang.

Em agosto do ano passado, os oito empresários foram alvos de mandados de busca e apreensão, após suas conversas serem reveladas pelo site "Metrópoles". Os outros seis empresários do grupo do WhatsApp são: Afrânio Barreira Filho, dono do Coco Bambu; André Tissot, da Sierra Móveis; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, da Multiplan; José Koury, do Barra World Shopping e Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii.

Moraes considerou que os seis, "embora anuíssem com as notícias falsas, não passaram dos limites de manifestação interna no referido grupo, sem a exteriorização capaz de causar influência em terceiros como formadores de opinião".

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