Se venezuelanos chegarem a acordo sobre eleições, haverá "autoridade" para fim das sanções, diz Lula
Segundo o presidente, "todos estão cansados" no país de Maduro "após tanto tempo de briga"; encontro com representantes de governo e oposição, disse ele, foi positivo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (19) em entrevista ao fim de sua viagem à Bélgica, onde participou da cúpula da União Europeia com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que se governo e oposição da Venezuela chegarem a um acordo sobre a realização das eleições, "haverá autoridade moral" para demandar o fim das sanções ao país.
Para o presidente brasileiro, criticado nas últimas semanas por comentários vistos como pró-Caracas, "todos estão cansados" no país governado por Nicolás Maduro "após tanto tempo de briga".
Os comentários de Lula, que agora volta para o Brasil com uma breve escala em Praia, capital de Cabo Verde, vieram dois dias após uma reunião na terça-feira com representantes do governo e da oposição venezuelana — a primeira com ambos grupos que teve a participação do petista. O encontro foi orquestrado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e incluiu também os mandatários colombiano, Gustavo Petro, e o argentino, Alberto Fernández.
— Se [a oposição venezuelana] eles se entenderem com relação às regras e a data das eleições, acho que temos a autoridade moral de pedir o fim das sanções — afirmou. — Foi numa boa, não houve nenhum problema maior que houvesse nervosismo na reunião.
Junto com o quarteto de presidentes estavam Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, e Gerardo Blyde, opositor. Ao fim do encontro, Lula, Petro, Macron e Fernández emitiram uma declaração conjunta afirmando que consideram o fim das sanções caso haja consenso sobre o pleito do ano que vem, no qual Maduro deve concorrer à reeleição.
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Durante a reunião, foi estabelecido que os dois lados devem entrar em um acordo para poder organizar eleições no ano que vem na Venezuela sob condições livres, justas, abertas e iguais. O ponto é considerado essencial pelos presentes para sair da crise e permitir o levantamento de sanções impostas contra a Venezuela após o reconhecimento internacional de Juan Guaidó como presidente venezuelano por mais de 50 países, incluindo o Brasil, do início de 2019 até janeiro de 2023.
— A conclusão que nós chegamos é que a situação da Venezuela vai ser resolvida quando os partidos da Venezuela, junto com o governo, chegarem a conclusão de uma data para a eleição e chegarem a conclusão das regras que vão estabelecer as eleições. E, com base nisso, que as punições impostas pelos EUA começam a cair. Sanções absurdas em que a Venezuela não pode mais lidar com um dinheiro seu que está em bancos de outros países — disse Lula.
O presidente disse que "ter gostado da reunião" e que já esperava sair dela sem solução imediata. Sua expectativa era deixar o encontro organizado por Macron com a "compreensão de que a Venezuela é uma questão do povo venezuelano":
— Eu sinto que, depois de tanto tempo de briga, todos estão cansados. Sinto que a Venezuela está cansada, o povo quer encontrar uma solução. É bom você brigar um mês, dois, três, dois anos, quatro anos. Mas a vida inteira? Então acho que estamos chegando neste clima — afirmou.