Secretário de Estado dos EUA diz que Washington estabeleceu 'contato direto' com grupo sírio HTS
Regime de Bashar al-Assad foi deposto na semana passada pela organização rebelde
Os Estados Unidos estabeleceram um "contato direto" com o Hayat Tahrir al Sham (HTS), o grupo islamista que lidera a coalizão rebelde que assumiu o poder na Síria, apesar de considerá-lo uma organização "terrorista", declarou neste sábado o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
— Estivemos em contato com o HTS e outras facções — afirmou Blinken aos jornalistas, após participar das discussões sobre a Síria em Aqaba, às margens do Mar Vermelho, na Jordânia.
O chefe da diplomacia americana não forneceu detalhes sobre as conversas, mas, ao ser questionado se os Estados Unidos haviam entrado em contato direto com o grupo, respondeu: "Contato direto sim".
Blinken explicou que o contato foi parcialmente motivado pela busca por Austin Tice, o jornalista americano sequestrado em 2012, pouco depois do início da guerra civil na Síria. O Secretário fez essas declarações ao final de uma viagem regional iniciada após a queda do presidente sírio Bashar al Assad, deposto em 8 de novembro por uma aliança de rebeldes liderada pelo HTS.
Assad e sua família governaram a Síria com mão de ferro por mais de meio século. No entanto, uma ofensiva fulminante, que começou em 27 de novembro, pôs fim a décadas de repressão.
Em Aqaba, Blinken participou de conversas com altos diplomatas árabes e europeus, assim como com representantes da Turquia, principal apoiadora dos grupos rebeldes.
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— Concordamos que o processo de transição deve ser liderado e controlado pelos próprios sírios, o que levará a um governo inclusivo e representativo — afirmou.
— Os direitos de todos os sírios, incluindo os das minorias e das mulheres, devem ser respeitados. A ajuda humanitária precisa chegar a quem dela necessita — acrescentou.
Em um comunicado conjunto, os participantes destacaram "a importância da luta contra o terrorismo e o extremismo" e "a necessidade de prevenir qualquer ressurgimento de grupos terroristas".
Os EUA e outros governos ocidentais classificam o HTS como um grupo terrorista devido às suas raízes na ramificação síria da Al Qaeda. No entanto, o grupo, liderado por Abu Mohammed al-Jawlani, afirma ter rompido com o jihadismo.
A designação de "grupo terrorista" complica seriamente as atividades de empresas e organizações humanitárias, que correm o risco de serem alvo das forças de segurança americanas caso sejam consideradas como apoiadoras diretas de um grupo terrorista.
Desde que assumiu o poder no último fim de semana, al-Jawlani tem adotado uma postura conciliadora. Alguns analistas apontam que o HTS não tem se concentrado em alvos americanos ou ocidentais.
Outros esperam um movimento rápido por parte dos Estados Unidos para retirar a classificação de grupo terrorista, especialmente antes da chegada do republicano Donald Trump à presidência em janeiro.