Sem acordo assinado com Oxford, Bolsonaro ironiza vacina chinesa contra Covid-19
A parceria com a Universidade de Oxford foi anunciada pelo Ministério da Saúde em 27 de junho. Porém, o acordo não foi assinado até agora
Mesmo sem ter assinado até agora contrato com a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (30) que 100 milhões de doses da vacina contra Covid-19 chegarão ao Brasil e ainda ironizou o produto produzido pela China, que está sendo testado em parceria com o governo João Doria (PSDB-SP), seu adversário político.
"Se fala muito da vacina da Covid-19. Nós entramos naquele consórcio lá de Oxford. Pelo que tudo indica, vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país não, tá ok, pessoal? É de Oxford aí. Quem não contraiu o vírus até lá... Eu não preciso tomar porque já estou safo", disse Bolsonaro nesta noite em transmissão pela internet, a primeira desde que informou ter se curado do novo coronavírus.
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A parceria com a Universidade de Oxford foi anunciada pelo Ministério da Saúde em 27 de junho. Porém, o acordo não foi assinado até agora. De acordo com a Fiocruz, "a expectativa é que a assinatura ocorra durante o mês de agosto". Além disso, apesar da parceria com a instituição britânica, há insumos que vêm da China, como informou na entrevista coletiva de junho o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.
Na semana passada, João Doria, virtual adversário de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, anunciou o início dos testes com a vacina produzida pela chinesa Sinovac. Na apresentação, o governador procurou destacar as parcerias comerciais que o estado tem com a China, país que já foi alvo de críticas de integrantes da ala mais ideológica do governo, defensora do alinhamento do Brasil com os Estados Unidos.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou também na semana passada a realização de testes da vacina produzida por Pfizer e BioNTech. O Brasil registrou 1.189 novas mortes pela Covid-19 e 56.992 casos da doença nesta quinta. Com isso, o país já soma 91.377 mortes e 2.613.789 infecções pelo novo coronavírus.
Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h.
Nesta quinta, o Palácio do Planalto informou que o exame da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deu positivo para Covid-19. Na transmissão desta quinta-feira, Bolsonaro voltou a fazer propaganda da hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia cientificamente comprovada para o tratamento de Covid-19. Ele também afirmou ter se submetido a um exame de sangue por ter sentido fraqueza.
"Previsto ir a Bagé [RS] amanhã [sexta-feira (31)]. Acabei de fazer um exame de sangue, estava com um pouco de fraqueza ontem [quarta-feira], achava que estava com um pouco de infecção também. Tomei agora um antibiótico. Depois de 20 dias dentro de casa, a gente pega outros problemas, peguei mofo, mofo no pulmão deve ser. E amanhã, barra pesada, porque a temperatura lá em Bagé tá zero grau", disse Bolsonaro.
Na live, Bolsonaro defendeu o trabalho do ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, e criticou o primeiro nome a ocupar o posto em seu governo, o médico Luiz Henrique Mandetta. "Tivemos lá um médico primeiro [Mandetta], ó a desgraça que foi. O primeiro médico. O segundo foi muito rápido, o garoto lá, o segundo ministro [ Nelson Teich], por questão de foro íntimo resolveu sair, nada a falar sobre ele, tenho até a agradecer a colaboração que eles nos deu por um pequeno período de tempo ali. E o Pazuello é um gestor", disse Bolsonaro.