Sem acordo com o PSD de Minas, Lula deixa BH depois de tomar 'bolos' de Kalil
A assessoria de Kalil informou que ele não tem qualquer compromisso agendado com Lula até a próxima quarta
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou Belo Horizonte sem conseguir o almejado encontro com o ex-prefeito da capital mineira e pré-candidato ao governo do estado, Alexandre Kalil (PSD). Convidado para um almoço, para o ato em que Lula encontrou a militância petista, e também para um jantar, Kalil alegou que só encontraria o ex-presidente, caso fosse oferecida uma solução para o impasse que envolve a vaga para o Senado em uma possível aliança entre o PT e o PSD.
Kalil aposta no atual senador Alexandre Silveira para a disputa eleitoral, enquanto Lula segue apoiando o deputado federal Reginaldo Lopes — que estava ao lado dele nos compromissos desta segunda-feira (9).
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A assessoria de Kalil confirmou, durante a noite, que o ex-prefeito não tinha qualquer compromisso agendado com o ex-presidente até a próxima quarta, quando Lula deixará Minas Gerais. Diante das negativas de Kalil, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou ao blog do jornalista Gerson Camarotti que a eventual inviabilização de um acordo entre os partidos não será um problema exclusivo de Lula. De acordo com Gleisi, Kalil também sentirá os reflexos da ruptura em sua campanha.
"Temos simpatia e disposição de apoiar Kalil, mas impor chapa pura é dureza. Tem de lembrar também que Lula está muito bem em Minas Gerais. Melhor que Kalil. Então, o não apoio do PSD para Lula não é um problema só para nós, acho. Acho que é também [um problema] para eles, para Kalil”, ressaltou Gleisi ao blog.
Sem citar o impasse com o PSD durante o ato em que reuniu a sua militância, Lula mencionou os partidos que estavam ali representados e reiterou a importância da construção de uma frente de legandas contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
"Quero agradecer a presença dos companheiros e companheiras do PV, PCdoB, PSOL, Rede e Solidariedade. Estamos juntando os divergentes para vencer os antagônicos, como já diria Paulo Freire. Não estamos enfrentando um adversário qualquer, ele representa o anti-desenvolvimento e educação, representa o fascismo que será jogado no esgoto da história. Tenho consciência que não será uma eleição fácil. Não podemos esperar que apenas um candidato à presidência ganhe as eleições. Eu não quero ser candidato do PT, quero ser candidato de um movimento", afirmou.
O ex-presidente cumprirá agenda em Contagem, nesta terça, e em Juiz de Fora na quarta-feira.
Lula exige a vaga ao Senado na chapa construída com o PSD de Kalil. O ex-prefeito da capital mineira já conta com o deputado estadual Agostinho Patrus, que trocou o PV pelo PSD, para vice. Caso Alexandre Silveira seja confirmado para o Senado, o PSD terá uma chapa puro-sangue, sem um nome do PT.
Silveira era suplente do senador Antonio Anastasia, que renunciou ao Senado para assumir vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Kalil defende que ele seja candidato à reeleição.
No PSD de Minas, cresce o movimento que defende o apoio a Bolsonaro. Kalil, no entanto, já se colocou em oposição ao presidente da República, o que poderia deixá-lo sem apoio de nenhum presidenciável na campanha ao governo de Minas Gerais.