Senador marca sabatina de novo diretor da Abin para esta quarta-feira (4)
Audiência estava "congelada" após o delegado da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa indicar ex-colega de Anderson Torres como seu número 2 na agência
Após adiar por duas vezes, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) marcou para essa quinta-feira (4) a sabatina do delegado de Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa, indicado para o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A nova data foi agendada após um pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao senador que é presidente da Comissão de Relações Exteriores, responsável por sabatinar indicados para o cargo.
Renan havia deixado a sabatina em um “limbo” após Corrêa indicar o delegado da Polícia Federal, Alessandro Moretti, para diretor adjunto da Abin. O nome de Moretti não agradou a base do governo porque o delegado tinha atuado ao lado do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, na Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
Moretti foi ainda diretor de Inteligência da Polícia Federal na gestão Bolsonaro, entre março de 2022 e janeiro de 2023.
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Luiz Fernando Corrêa é delegado aposentado da Polícia Federal e chegou a ser diretor-geral da PF durante o segundo mandato do governo Lula. Ele foi indicado para a Abin no início de março e, no cargo, terá que lidar com algumas polêmicas.
Entre elas, a revelação feita pelo Globo que, entre 2019 e 2021, a agência teve acesso a um sistema que oferecia a possibilidade de monitorar a localização de aparelhos celulares em todo o Brasil.
A prática suscitou questionamentos entre os próprios integrantes do órgão, pois a agência não possui autorização legal para acessar dados privados. O caso motivou a abertura de investigação interna e, para especialistas, a vigilância pode ainda violar o direito à privacidade. Procurada, a Abin disse que o sigilo contratual a impede de comentar, mas confirmou seu uso até maio de 2021.
A agência também terá que responder a requerimentos de parlamentares sobre sua atuação nos dias anteriores aos atos golpistas de 8 de janeiro, quando emitiu alertas sobre a possibilidade de radicalização das manifestações de bolsonaristas previstas para o dia.
A sabatina devia ter acontecido no dia 30 de março, mas o Renan mudou a data em razão do esvaziamento da sessão por causa do encontro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e os líderes dos partidos para apresentação da nova âncora fiscal.