RIO DE JANEIRO

Sérgio Cabral terá que pagar custos da tornozeleira e não poderá fazer festas nem receber visitas

Ele é o último réu da Operação Lava-Jato a deixar a prisão

Sérgio Cabral ex-governador do Rio de JaneiroSérgio Cabral ex-governador do Rio de Janeiro - Foto: Antônio Cruz/Arquivo Agência Brasil

A juíza federal Gabriel Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, estabeleceu, em decisão publicada nesta segunda-feira (19), medidas para que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral fosse solto, após seis anos na cadeia. Além do uso de tornozeleira eletrônica, que deverá ter os custos pagos por Cabral, o ex-governador está proibido de receber visitas que não sejam seus parentes de até terceiro grau e de fazer festas e eventos sociais em seu apartamento.

A magistrada ressaltou que Cabral deve continuar em prisão domiciliar em período integral nos dias úteis, fins de semana e feriados. "Considerando a magnitude dos delitos praticados, a reiteração destes delitos e suas graves consequências para a sociedade, o fato de o paciente ser proeminente personagem no núcleo da organização criminosa, e a provável capacidade do paciente de exercer influência em negócios e articulações no âmbito federal e de estadual — em que pese o tempo considerável em que está cautelarmente segregado e destituído do poder formal —, julgo necessário que a soltura de Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho (se não houver outro motivo para permanecer preso) seja acompanhada de algumas medidas cautelares" escreveu a juíza em sua decisão.

Segundo a defesa de Cabral, representada pelos advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Patrícia Proetti e Anna Julia Menezes, "o ex-governador respeitará todas as determinações estabelecidas pela Justiça". A nota diz ainda que, "neste momento, Cabral não se manifestará à imprensa, pois o seu maior desejo é estar na companhia de sua família".

Veja as medidas que Cabral terá que cumprir em prisão domiciliar:

Não poderá se ausentar de sua residência, exceto mediante autorização da Justiça, ressalvados casos de emergência do acusado e de seus familiares, que deverão ser comunicados ao juízo em até 24 horas;

Ficará submetido à vigilância eletrônica em tempo integral, mediante uso de tornozeleira;

Somente poderá receber visitas de parentes até terceiro grau, advogados e profissionais de saúde.

São proibidas as visitas de colaboradores da Justiça ou outros investigados, em especial da Operação Lava-Jato;

Não poderá promover em sua residência festas ou quaisquer outros eventos sociais;

Não poderá alterar seu endereço sem prévia autorização judicial;

Tem que comparecer a juízo sempre que for intimado;

Se houver, com ordem de prisão, futura revogação da medida cautelar, o acusado deverá apresentar-se às autoridades policiais federais locais.

Especificamente com relação à tornozeleira eletrônica, a decisão judicial estabelece que Cabral deverá:

Receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;

Abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outra pessoa faça isso;

Observar a área onde tem que ficar, sem descumprir os horários fixados;

Obedecer às orientações da central de monitoramento através dos alertas sonoro, vibratório e luminoso, ou de contato telefônico;

Manter a carga da bateria da tornozeleira;

E arcar com os custos da tornozeleira eletrônica.

A única investigada com quem Cabral poderá ter contato será sua ex-esposa Adriana Ancelmo, uma vez que os dois têm filhos em comum.  Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) proíbe que ele tenha contato com antigos integrantes de governo que foram alvos de processos.

Com 24 condenações, a maior parte por corrupção, e penas que somam mais de 400 anos, Cabral ficará instalado num apartamento em Copacabana, com vista privilegiada para a praia, dez vezes maior do que a cela de oito metros quadrados em que estava.

O ex-governador é acusado de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina. Em depoimento ao juiz Sérgio Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, em 2019, ele admitiu a corrupção em seu governo. “Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro... é um vício”, disse.

 

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