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TRÁFICO

Servidor do MPF fez depósito de R$ 150 mil para empresa de fachada ligada ao tráfico de armas

De acordo com as investigações, Wagner Vinicius de Oliveira Miranda realizou duas remessas suspeitas de lavagem de dinheiro, em 2022

Parte das apreensões feitas com a quadrilha pela Polícia Federal, no Brasil e no Paraguai Parte das apreensões feitas com a quadrilha pela Polícia Federal, no Brasil e no Paraguai  - Foto: Reprodução

As investigações da Polícia Federal apontam que o servidor do Ministério Público Federal Wagner Vinicius de Oliveira Miranda realizou depósitos em dinheiro no valor de R$ 150 mil para uma empresa suspeita de ser de fachada da qual consta como sócio. Os valores foram transferidos depois para contas que a PF diz ser usada pelo tráfico internacional.

O analista do MPF está afastado das funções por suspeita de integrar no Brasil o núcleo financeiro da maior quadrilha de contrabando de armas da América do Sul. A reportagem tentou contato com Miranda por e-mail e telefone, mas não houve resposta.

De acordo com a PF, a empresa de Miranda não possui funcionários registrados nem funciona nos endereços apontados em seus registros cadastrais, indicando que se trata de negócio de fachada. Ele tem como sócio um homem que tem em seus arquivos trabalhistas o exercício de trabalhador doméstico e agropecuário em geral.

O inquérito mostrou que, em 20 de julho e em 24 de outubro de 2022, Miranda realizou dois depósitos para essa empresa, de R$ 100 mil e de R$ 50 mil, respectivamente, que foram comunicados como atividade suspeita de lavagem de dinheiro. Segundo a PF, a empresa do servidor fez três transferências que totalizam R$ 53 mil para outra empresa, em 12 e 19 de julho do mesmo ano.

Esse rastreio financeiro foi possível por meio da análise da conta de e-mail de outro investigado. Nesse período, ele enviou os comprovantes durante uma conversa sobre tráfico de armas, de drogas (maconha, cocaína) e de substâncias químicas utilizadas na preparação de entorpecentes, como ketamina e anfetamina.

Para a empresa, essa segunda empresa para qual o dinheiro foi destinado movimenta “recursos financeiros voltados para o tráfico internacional e nacional de drogas e armas de fogo”.

No relatório do inquérito, em que representou por um mandado de busca e apreensão contra Miranda, a PF destacou que ele “integra organização criminosa transnacional estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas com objetivo de obter vantagem financeira mediante a prática do tráfico internacional de armas e lavagem de dinheiro”.

A PF requereu também o afastamento cautelar de Miranda do cargo público. “Na qualidade de servidor do MPF, lotado na Procuradoria-Geral da República, Wagner Vinícius possui livre acesso a sistemas e dados internos, podendo, eventualmente, acessar informações sensíveis relacionadas à operação e, ainda, possui cadastro ativo no PJE do TRF 1a Região como servidor do MPF, de modo que tem acesso a todos os processos, inclusive aqueles classificados com sigilo, o que denota a necessidade de seu afastamento”, escreveu.

No mês passado, o MPF ressaltou que Miranda ainda não foi denunciado. “Não há denúncia criminal no caso ainda, o que não impede a aplicação de outras medidas. Desde o início da investigação, foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa", diz o órgão.

 

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