Signal e Una: Mauro Cid trocou WhatsApp por outros aplicativos para manter sigilo de mensagens
Investigação aponta que ex-ajudante de ordens de Bolsonaro optou por outras plataformas em assuntos que considerou mais sensíveis
A investigação da Polícia Federal que apura uma suposta organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado no país mostra que o grupo recorria a aplicativos considerados mais seguros do que o WhatsApp para tratar de temas sigiloso. Entre as ferramentas usadas estão o Signal e o Una, que prometem uma "comunicação mais segura" aos seus usuários.
A operação mira a atuação de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado, mostram que em um determinado momento o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, faz uma mudança de aplicativo de mensagens.
Em uma conversa no WhatsApp no dia 24 de novembro de 2022 com o também investigado Bernardo Romão Correia Neto, Cid escreve "Signal", indicando que queria mudar de plataforma. O Signal é um aplicativo conhecido pelas ferramentas de privacidade, como a possibilidade de as mensagens se autodestruírem. Há ainda recursos como bloqueio de prints e a garantia de que a plataforma não armazena nenhum tipo de informação dos usuários, o que torna impossível a identificação deles.
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No diálogo, Correia Neto diz "tenho uma dica pra te dar, mas não pode ser por aqui". E a resposta de Cid é "Signal". As investigações também apontam por uma opção de Cid pelo uso do aplicativo Una, usado para que ele se comunicasse com o general Freire Gomes, então comandante do Exército.
O Una também é considerado um aplicativo de comunicação muito seguro por ter uma forma diferente de criptografia da que é usada pelo WhatsApp.
Reuniões de planejamento
Coronel do Exército, Correia Neto é apontado pela PF como integrante do “núcleo de apoio operacional” para as iniciativas golpistas. A apuração aponta que ele participou de reuniões que tinham como objetivo planejar o golpe, convidando inclusive integrantes das forças especiais do Exército para que participassem dos encontros.
Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação nesta quinta-feira, nas trocas de mensagens entre Cid e outros investigados estão planos de "disseminação de notícias falsas por integrantes das Forças Armadas em associação com outros membros do grupo criminoso para desacreditar o processo eleitoral, como se verifica das mensagens encartadas à fls. 52; à incitação para adoção de medidas radicais" e também "a realização de reuniões para elaboração do Decreto de Golpe de Estado".
Ao todo, a PF cumpre hoje 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, de se ausentarem do país, e a obrigação de entregar os passaportes no prazo de 24 horas.
As investigações apontaram que o grupo se dividiu em dois núcleos de atuação - um para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições de 2022, com o objetivo de "viabilizar e legitimar" uma intervenção militar, segundo a PF.