Simone Tebet fala sobre agressões de Wagner Rosário
"Que isso sirva para que todos que estão nos assistindo prestem mais atenção sobre como tratam as mulheres nos espaços públicos", disse a senadora
Em entrevista nesta manhã, antes do início da reunião da CPI, Simone Tebet (MDB-MS) disse que acontecimentos da sessão de ontem demonstram que o desrespeito às mulheres na vida pública é estrutural. A senadora também comentou sobre a atuação da CGU no caso da Covaxin.
"Para não desviar o foco, eu tentei apaziguar para que a gente pudesse retomar a CPI. Quando eu fui até lá, tentando acalmar, ele percebeu meu gesto e fez um gesto de pedido de desculpa. Como cidadã, como mulher, como mãe, para mim é página virada. Agora, como líder da bancada feminina, não é possível nós não aproveitarmos esse espaço que a imprensa está dando para as mulheres brasileiras, para mandar um recado. para que isso se torne educativo", disse a senadora.
"Não é mimimi, não é vitimização. porque não foi uma palavra qualquer, não foi um ataque a minha atividade profissional. 'A senhora é incompetente', isso é aceitável. 'A senhora não está dizendo a verdade', isso é aceitável. Quando faz um ataque a minha condição como mulher, 'a senhora é exaltada', 'a senhora é descontrolada', 'a senhora é estérica', isso é algo que é claramente uma violência política contra a mulher", comentou Tebet. "Que isso sirva para que todos que estão nos assistindo prestem mais atenção sobre como tratam as mulheres nos espaços públicos. A gente só quer o direito de ter voz e ter vez num momento em que a sociedade brasileira mais precisa de nós".
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"Talvez aí eu tenha tocado na ferida e o ministro tenha se ressentido. porque eu fiz o processo oposto. Eu tenho convicção que a CGU fez dever de casa. O problema foi esse. A CGU foi criada como órgão de controle prévio. Havia um pacto com o Ministério da Saúde de que tudo envolvesse a pandemia, a compra do que ser que seja, passaria pela CGU. pelo menos é isso que diz a nta técniaca da prórpia CGU. Com a Pfizer eles, passo a passo, consultaram os auditres, os advogados públicos da CGU- pode, não pode, faço, não faço. Porque ocultaram o contrato com a Covaxin?", questionou a senadora.
"A minha crítica ao ministro é que enquanto os auditores fizeram o dever de casa e denunciaram, ainda que posteriormente., porque só foram cobrados depois, o corregedor fez o processo inverso. Ele atuou como advogado de defesa", avaliou.
Senadores repercutem
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), se solidarizou com Simone Tebet (MDB-MS) pelo episódio em que ela foi chamada de “descontrolada" pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, durante depoimento, ontem. Simone agradeceu a solidariedade dos senadores.
Eliziane Gama (Cidadania-MA), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Zenaide Maia (Pros-RN), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Leila Barros (Cidadania-DF) também se solidarizaram com Simone Tebet (MDB-MS) em relação ao episódio em ela que foi chamada de "descontrolada" pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Omar Aziz (PSD-AM) ressaltou que ninguém pode chamar uma mulher de "desequilibrada" por se contrapor a um homem.
"A senadora Simone nunca faltou com o respeito com nenhuma pessoa que veio aqui ser ouvida. Pelo contrário, ela é firme e traz fatos para mostrar quando está fazendo um questionamento — afirmou Omar.
Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) lamentaram o acontecido, mas Girão lembrou que Wagner Rosário também foi ofendido.
Além de Simone Tebet (MDB-MS) — atacada pelo ministro Wagner Rosário após expor com detalhes a cronologia da auditoria da CGU sobre contratos do Ministério da Saúde —, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Otto Alencar (PSD-BA) solidarizaram-se com a senadora Leila Barros (Cidadania-DF), que interveio no ataque verbal sofrido pela colega e discutiu com o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
"Ela não é uma heroína só das quadras, não. Uma das cenas mais tristes, ontem, foi um colega fazer coro com machista. Ainda bem que teve a valentia de Leila Barros para gritar um sonoro 'não' ao machismo", elogiou Randolfe.
"Não aceito mais esse tipo de comportamento com nenhuma mulher na minha frente. Não é porque eu tenho 1,80 m ou porque fui atleta. É porque sou mulher! Prestemos atenção nessa estratégia baixa de muitos depoentes nesta CPI".