Sobre CPI, Bolsonaro diz que comissões servem para atacar o governo e que assunto "parece enterrado"
Oposição protocolou nesta terça-feira pedido de abertura de CPI para investigar suspeitas de corrupção na gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro
O presidente Jair Bolsonaro demonstrou preocupação com a instalação de uma CPI para investigar suspeitas de corrupção na gestão de Milton Ribeiro do MEC. Embora não tenha citado a CPI do MEC diretamente, o presidente afirmou que as comissões seriam “oportunidade” para “oportunistas fazerem campanha contra” o governo. Disse, também, que o assunto “parece estar enterrado”.
"Paguei e pago um preço altíssimo com isso. Olha uma CPI quase saindo aí de um assunto que parece que está enterrado, parece. Mas quando se abre uma CPI, abre-se um mar de oportunidades para os oportunistas fazerem campanha contra a gente", disse.
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A declaração foi dada nesta quarta-feira (29) durante encontro com representantes da indústria, em Brasília. Na ocasião, ele criticou a instalação da CPI, indicando que seria um “preço” que ele pagava por indicar ministros “técnicos”, segundo ele, sem envolver indicação de grupos políticos.
O pedido para a abertura da CPI de MEC foi protocolado nesta terça-feira pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede – AP), para investigar suspeitas de corrupção na gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. O requerimento conta com a assinatura de 31 senadores, quatro a mais do que o necessário. De última hora, ele conseguiu o apoio de mais três senadores: Marcelo Castro (MDB-PI), Confúcio Moura (MDB-GO) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE).
Com o pedido protocolado na presidência do Senado, cabe agora ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), instalar a comissão. O GLOBO apurou que a tendência do senador é dar prosseguimento ao colegiado, a fim de evitar o que aconteceu no ano passado, quando foi obrigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a abrir a CPI da Covid, após segurar a abertura por meses.
O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e coordenador da campanha de reeleição do pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi convocado para reforçar o trabalho dos aliados do Planalto para barrar a CPI.
Governistas avaliam que, embora haja 32 assinaturas para a abertura da CPI — cinco a mais do que as 27 necessárias —, muitos senadores estão suscetíveis a desistir por causa da proximidade das eleições. O argumento de aliados do Planalto é que uma comissão em plena campanha poderá ficar esvaziada, com integrantes sendo acusados de usar o colegiado como palanque.