ELEIÇÕES 2022

STF retoma nesta quinta (3) julgamento em que deverá manter validade do fundo eleitoral de R$ 4,9 bi

Até agora, cinco dos 11 ministros já votaram a favor do valor, e um defendeu sua redução para menos da metade

Supremo Tribunal Federal (STF)Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira (3) o julgamento da ação proposta pelo Partido Novo pedindo a suspensão do fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões, que poderá ser usado pelos candidatos no pleito deste ano.

A tendência é que a Corte, apesar das críticas de alguns ministros, mantenha o valor. Até agora, o placar está em cinco a um para assegurar os R$ 4,9 bilhões. Como são 11 ministros ao todo, são necessários seis para sacramentar sua validade.

O fundo de R$ 4,9 bilhões foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.

O julgamento no STF começou na quarta-feira da semana passada, quando o relator, o ministro André Mendonça, considerou o aumento do fundo "desproporcional" e propôs que fosse restaurada a previsão orçamentária das eleições de 2020, que foi de R$ 2,034 bilhões. Com as devidas correções, o valor chegaria a R$ 2,3 bilhões em 2022, ou seja, menos da metade do que foi aprovado.

— Desde já me pauta comparar a diferença entre os valores aprovados para o fundo eleitoral nos anos de 2018 e 22. Em 2018, o valor correspondeu a R$ 1,7 bilhão, enquanto em 2022, o valor estimado supera R$ 4,9 bilhões — apontou Mendonça.
 

O julgamento foi retomado no dia seguinte, quando cinco ministros votaram para manter o valor: Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. Parte deles criticou o aumento expressivo do valor, mas também entendeu que não cabe à Corte interferir em escolhas feitas pelo Legislativo. Nunes Marques foi o primeiro a votar pela manutenção do valor do fundo, embora reconhecendo "certa surpresa relativamente ao montante global" aprovado na Lei Orçamentária.

— Não posso me furtar a privilegiar a escolha implementada pelo legislador, no presente caso, que em legítima opção política concluiu imperioso reforçar o financiamento público das campanhas eleitorais — disse Nunes Marques durante a sessão da quinta-feira da semana passada.

Outros ministros foram na mesma linha.

— À primeira vista, os recursos parecem excessivos e se mostrariam contrários aos interesses urgentes em uma sociedade tão carente, desigual e injusta . Mas é preciso ir além de um conjunto de argumentos que podem ser bastante interessantes, convidativos e convincentes em um primeiro olhar. Entendo que cabe cautela ao se investigar as razões das decisões dos parlamentares, ainda mais em recursos eleitorais — disse Fachin.

— Não é confronto com a Constituição. Somos juízes da Constituição e temos que saber se essa estratégia política é da nossa competência ou do Poder Legislativo. A norma questionada merece ser considerada válida por deferência ao Parlamento. O valor é alto, mas não há inconstitucionalidade aqui — ponderou o presidente do STF, Luiz Fux.

— Aqui, entendo que estamos dentro de uma margem de conformidade a ser determinada pelo Congresso Nacional. Talvez não seja a melhor opção nas circunstâncias brasileiras, mas não caberia ao STF intervir nesse tema que eu considero política sob pena de transferir ao STF a possibilidade de interferir em qualquer dotação orçamentária — avaliou Barroso.

Ainda faltam votar: Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

O valor do fundo foi defendido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que em documento enviado ao STF em janeiro afirmou que a ação do Partido Novo tenta criminalizar a política. A Advocacia-Geral da União (AGU), cujo ministro é escolhido pelo presidente da República, também defendeu a constitucionalidade do aumento no valor do fundo. De acordo com a AGU, foram seguidas todas as previsões legais.

No final de 2021, Bolsonaro chegou a vetar o artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que abria espaço para um valor do fundão de até R$ 5,2 bilhões, após sofrer pressão de apoiadores. Entretanto, o veto foi derrubado pelo Congresso, com ampla maioria, unindo parlamentares de esquerda e de direita. Durante a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA), que define o orçamento de fato, houve um acordo para abaixar o valor para R$ 4,9 bilhões, para reduzir críticas da opinião pública.

Veja também

Grupo de Trabalho faz reunião de planejamento de segurança nas eleições 2024 em Pernambuco
ELEIÇÕES 2024

Grupo de Trabalho faz reunião de planejamento de segurança nas eleições 2024 em Pernambuco

MPT já registra mais de 300 denúncias de assédio eleitoral
ELEIÇÕES 2024

MPT já registra mais de 300 denúncias de assédio eleitoral

Newsletter