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BRASÍLIA

Sucessão na Câmara embaralha negociações para federação entre PP, Republicanos e União Brasil

Integrantes do Centrão veem caminho aberto para reconciliação após disputa entre líderes

Arthur Lira Arthur Lira  - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A sucessão de Arthur Lira ( PP-AL) para a presidência da Câmara embaralhou as negociações para formação de uma federação entre PP, Republicanos e União Brasil. Diante das disputas internas do Centrão, as conversas só devem ganhar corpo a partir de fevereiro do ano que vem.

Dirigentes partidários que coordenam as articulações para a aliança entre as três legendas avaliam que as tratativas entre os três partidos avançam somente após serem definidos os próximos presidentes da Câmara e do Senado.

Enquanto no Senado há uma confluência entre as três siglas para apoiar Davi Alcolumbre (União-AP), na Câmara há hoje uma divisão, com PP e Republicanos com Hugo Motta (Republicanos-PB) e União Brasil com Elmar Nascimento, que é líder do partido na Casa.

Nos estados, há um diálogo mais próximo entre PP e Republicanos e uma dificuldade de acordo com o União Brasil. Integrantes do União resistem a uma aliança com os partidos em estados como Pernambuco, Paraíba e Amazonas.

Ainda assim, a cúpula do PP não desistiu de trazer a legenda de Elmar Nascimento para a federação, e avalia que o partido ainda pode selar o acordo.

Preterido por Lira no processo de sucessão, que indicou a líderes partidários estar com Motta, Elmar descarta que o União Brasil vai fazer parte da federação com as outras duas legendas do Centrão.

— Impossível. Pelo menos da parte do União – disse ele ao Globo.

Apesar disso, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que é um dos articuladores da candidatura de Motta na Câmara, já disse a aliados que isso não deve atrapalhar a intenção dos partidos se unirem. De acordo com o cenário traçado por Ciro, ainda que hoje existam divisões, Hugo Motta vai ser candidato único a presidente da Câmara e Elmar vai acabar cedendo à composição.

A federação resultaria em um grupo de 153 deputados federais e 18 senadores, que seriam os maiores das Casas Legislativas. A aliança privilegia os três partidos na distribuição dos espaços de poder da Câmara e do Senado e também aumentaria o peso de influência nas eleições de 2026 e nas disputas eleitorais futuras.

Representantes das três legendas concordam que agora não é o melhor momento de discutir a federação e que o ideal seria esperar o cenário político ficar definido depois da eleição da Câmara.

— Não está na pauta. Não discuto isso antes da eleição da Mesa (Diretora da Câmara) — disse o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP).

Apesar da disputa pelo comando da Casa e das divergências em alguns estados, as três legendas costumam atuar em sintonia no Congresso e também em outros estados. No Piauí, reduto de Ciro Nogueira, e em Alagoas, de Arthur Lira, aliados dos políticos do PP comandam os diretórios estaduais do União Brasil e o Republicanos também é do mesmo grupo político. A mesma sintonia foi observado nas eleições municipais de São Paulo e Salvador.

O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, tem boa relação com os presidentes do PP e do Republicanos. Por outro lado, divergências internas do próprio União Brasil, oriundas do processo de fusão entre DEM e PSL, são outro fator que atrapalha.

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