Tarcísio: candidato à Presidência 'ungido' por Bolsonaro será competitivo em 2026
Governador diz também que competitividade do presidente no pleito de 2026 vai depender do desempenho econômico do Brasil
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), disse que o candidato que Jair Bolsonaro (PL) escolher para apoiar, ou em suas palavras, que for "ungido" pelo ex-presidente, vai ser competitivo na eleição de 2026. Considerado o principal herdeiro do capital político de Bolsonaro - inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 -, Tarcísio afirmou em entrevista à Bloomberg News publicada nesta quinta-feira, 29, que o ex-presidente é uma "liderança incontestável" e que possui uma capacidade de mobilização que hoje ninguém no Brasil possui, "nem o próprio presidente da República".
O bom desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro ano deste mandato, segundo o governador, se deve à herança deixada por Bolsonaro. Para ele, Lula tem "um perfil superado". "Ele não traz nada de novo e eu atribuo a eleição dele muito mais aos erros que foram cometidos pelo nosso campo do que propriamente pelos méritos dele ou pelo projeto dele", opinou. Tarcísio disse ainda que a competitividade do presidente no pleito de 2026 vai depender do desempenho econômico do Brasil
No início do mês, o governador foi elogiado por Lula durante um evento com o presidente, marcado por vaias ao governador. Apesar de manter uma relação pacífica com o governo do petista, Tarcísio se diz fiel a Bolsonaro. "Eu estive com ele, vou estar com ele, vou estar sempre com ele."
No ano passado, a relação entre os aliados ficou estremecida pelo comportamento amistoso de Tarcísio com o Planalto, sobretudo com o apoio do governador à reforma tributária - criticada por Bolsonaro. O ex-presidente afirmou, em novembro, que Tarcísio "dá suas escorregadas" politicamente.
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Tarcísio diz que ataque do 8 de Janeiro não foi golpe
Questionado na entrevista à Bloomberg News sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente, Tarcísio diz crer que não há razão para que ocorra, afirmando ainda que o ataque do 8 de Janeiro às sedes dos Três Poderes "não tinha uma liderança, não tinha um objetivo" e, por isso, não pode ser considerado uma tentativa de golpe.
Literalmente de mãos dadas a Bolsonaro, Tarcísio dividiu o trio elétrico com ele na Avenida Paulista no domingo, 25, no ato que reuniu milhares de apoiadores, além de parlamentares e governadores aliados do ex-presidente. Todos estavam na manifestação atendendo ao chamado de Bolsonaro após se tornar alvo da a operação da Polícia Federal (PF) Tempus Veritatis, que o investiga por organização criminosa em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Na ocasião, o governador fez elogios a Bolsonaro, seu padrinho político, afirmando que ele "não é mais um CPF, não é mais uma pessoa", mas sim "um movimento". Tarcísio também hospedou o ex-presidente no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo e residência oficial, em mais um movimento para se manter perto do aliado político.
Apesar de ser apontado como favorito entre os possíveis "herdeiros" nesse cenário, Tarcísio disse que seu "foco está em São Paulo".
Pesquisa realizada durante o ato de domingo pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que 61% dos manifestantes entrevistados creem que Tarcísio é o melhor nome para concorrer à Presidência em 2026. O espólio de Bolsonaro também é disputado por outros dois governadores: Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, que compareceram à manifestação em defesa do ex-chefe do Executivo.