São Paulo

Tarcísio defende homenagem a 'chefão da ditadura' após questionamento de Carmem Lúcia

Governador de SP precisou prestar esclarecimentos após Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ajuizada por partidos da esquerda

Governador de São Paulo, Tarcísio de FreitasGovernador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - Foto: reprodução/Twitter

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu junto ao Supremo Tribunal Federal (STJ) a homenagem prestada ao ex-coronel da PM Erasmo Dias (1924-2010), um dos principais nomes do Regime Militar no estado. Em documento enviado à Corte após questionamento da ministra Carmem Lúcia, o político ponderou que, após a ditadura, o militar foi eleito deputado estadual por três mandatos e que ele nunca teve um condenação durante a vida profissional.

"Deve-se, aliás, observar que o homenageado foi Deputado Estadual por três legislaturas – 1987/1991, 1991/1995 e 1995/1999 – tendo sido eleito democraticamente e não se tendo notícia de qualquer condenação judicial por atos praticados durante sua vida pública pregressa. É compreensível, portanto, que os Ínclitos Deputados Estaduais tenham, em sua maioria, decidido homenagear um de seus pares, como forma de perpetuar o reconhecimento consagrado nas urnas", avaliou o governador no documento enviado ao STF.

A explicação atende a uma decisão da ministra Carmem Lúcia, que deu o prazo de cinco dias para o esclarecimento da sanção de um projeto de lei que escolheu o nome Deputado Erasmo Dias para batizar um viaduto da Rodovia Manílio Gobbi em Paraguaçu Paulista. A solicitação é uma resposta à ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ajuizada por PT, PSOL, PDT e o Centro Acadêmico 22 de Agosto, da PUC de São Paulo.

Tarcísio, pontuando que a nova lei foi sancionada quando seu vice-governador Felicio Ramuth estava em exercício, destacou que a homenagem não partiu do Poder Executivo, alegando que a decisão de cancelar a iniciativa caberia à Assembleia Legislativa do Estado de S. Paulo (Alesp), órgão que a aprovou. A proposta foi apresentada em 2020 pelo então deputado Frederico D'Ávila (ex-PSL, hoje no PL), mas só foi votada pelos deputados em 2023. O parlamentar justificou que o coronel Erasmo Dias “representa a imagem do cidadão de bem, íntegro, de nobres valores, que alicerçou sua vida na carreira militar com diferenciado empenho”.

O presidente da Alesp, o deputado estadual André do Prado (PL-SP), que também foi alvo da decisão de Carmem Lúcia para apresentar explicações sobre a homenagem, chamou a ADI ajuizada pelos partidos de esquerda de "descabida" e também defendeu a manutenção da deferência.

Em junho, a PUC-SP e a Comissão de Defesa de Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns criticaram a homenagem. Em nota de repúdio assinada pela reitoria, a universidade lembrou que Dias foi responsável pela repressão truculenta a estudantes da instituição ocorrida em 22 de setembro de 1977, quando o militar ocupava o cargo de secretário de Segurança.

O coronel reformado sempre defendeu o regime militar durante seus 21 anos de duração. Admitia que a democracia plena havia sido sacrificada em prol da defesa da soberania brasileira contra uma eventual chegada ao Poder da "ditadura socialista".

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