Tasso participa de live com Ciro Gomes e nem menciona Doria
No ano passado, Tasso, que inicialmente concorria nas prévias tucanas para definir o candidato à Presidência, deixou a disputa para apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, contra Doria
O senador licenciado Tasso Jereissati (PSDB-CE) participou na noite desta terça-feira da live semanal do pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes. Durante a transmissão, o ex-presidente do PSDB e tucano histórico não mencionou o nome do postulante de seu partido ao Planalto, João Doria, e fez elogios ao pedetista.
No ano passado, Tasso, que inicialmente concorria nas prévias tucanas para definir o candidato à Presidência, deixou a disputa para apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, contra Doria. Após o resultado do pleito, o senador tem questionado a viabilidade do chefe do Executivo de São Paulo na corrida presidencial.
O tucano defende que o nome que disputará no espaço da chamada terceira via tenha forças para fazer frente às candidaturas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pesquisas recentes mostram Doria em quinto lugar nas intenções de voto, atrás do petista, do mandatário, de Ciro e do ex-juiz federal Sergio Moro.
A transmissão com Ciro não foi o único evento público que o senador teve com o pedetista neste mês. Tasso participou na semana passada da inauguração a expansão do Porto do Pecém, onde também estavam presentes o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e o senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro.
Leia também
• Ameaças de Bolsonaro e polarização com Lula aumentam interesse de Embaixadas no Brasil
• Ciro Gomes usa verso de Caetano Veloso no Valentine's Day e confunde web: filha ou namorada?
• Em busca de apoio, Ciro se reúne com Kalil, mas PSD de Minas já avalia chapa com Lula
Embora hoje defenda publicamente a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), Tasso fez acenos a Ciro ao longo de 2021. O tucano disse que Ciro seria uma boa alternativa à polarização entre Bolsonaro e Lula e chegou a ter conversas para costurar uma aliança entre o ex-ministro e Eduardo Leite.
"Pessoas às vezes consideram Ciro um homem de esquerda, e não é um homem de esquerda. Pode até ser de centro-esquerda. Mas tem uma posição definida dentro do seu partido que suas alianças são sempre mais à esquerda, mas é uma alternativa. Se ele vier a se mostrar o mais viável, que eu acho que é possível, por que não? É uma alternativa", disse Tasso em entrevista ao “POVO”, em janeiro deste ano.
Segundo pesquisas, Ciro aparece atualmente em quarto lugar nas intenções de voto, atrás de Lula, Bolsonaro e Moro. De acordo com interlocutores do senador tucano, há uma possibilidade de Tasso apoiar a candidatura do pedetista, indo contra a orientação do próprio partido. Foi o que fez em 2002, quando endossou a campanha de Ciro indo contra o então candidato do PSDB, José Serra.
"Tasso procura muito uma terceira via. É muito preocupado com o Brasil. Eu acredito que ele possa apoiar o Ciro, embora ele não tenha me falado isso", afirma o senador Chiquinho Feitosa (DEM-CE), senador suplente do tucano que está em exercício.
"[Tasso] acompanha a vida política do Ciro desde muito jovem e sempre teve uma admiração muito grande. O Tasso fala isso [de que o pedetista é uma alternativa à polarização] exatamente porque sabe que o Ciro já foi um homem testado."
Tasso se licenciou de seu mandato no Senado para ajudar Leite nas prévias do partido e para organizar o PSDB em seu estado para as eleições do ano que vem. Hoje, o senador participa das negociações com o PDT e o PT para a chapa ao governo do Ceará.
O governador Camilo Santana (PT) deve disputar o Senado, e o nome para ser o postulante ao Palácio da Abolição, sede do Executivo cearense, deve ser indicado pelo PDT. Embora tenham passado uma década rompidos, Ciro e Tasso se reaproximaram nas eleições municipais de 2018 e desde então fazem parte do mesmo grupo político no estado.
A relação entre Ciro e Tasso é antiga, desde a época em que os dois faziam parte do Centro Industrial do Ceará (CIC), na década de 1980, conforme contaram na transmissão. O pedetista foi o sucessor do tucano após os primeiros mandatos do atual senador no governo cearense.