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BRASIL

Temer minimiza tentativa de golpe: "Só é para valer quando as Forças Armadas estão dispostas"

Para ex-presidente, democracia brasileira não corre risco e plano golpista não foi adiante porque "não há clima no país"

Michel TemerMichel Temer - Foto: Beto Barata/PR

O ex-presidente Michel Temer (MDB) minimizou, nesta segunda-feira, o plano golpista investigado pela Polícia Federal (PF) que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas. Para o emedebista, o golpe só é "para valer" quando as Forças Armadas, como instituição, estão engajadas.

— Convenhamos, um golpe para valer você só tem quando as Forças Armadas estão dispostas a fazer. Se as Forças Armadas não estiverem dispostas a fazer, não há golpe — afirmou, quando questionado sobre o tema.

 

Temer participou, em São Paulo, do Global Voices, evento promovido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em painel que discutiu como a segurança jurídica interfere no desenvolvimento econômico, ele disse que o Brasil tem uma “democracia sólida, por mais que falem em golpe de estado”. Depois, em coletiva de imprensa, ele reforçou a posição:

— Eu não vejo (risco à democracia) porque embora haja tentativas, como você mencionou, o fato é que não se levou adiante. E não se levou adiante porque não há clima no país — respondeu o ex-presidente. — Alguns militares (participaram do plano). Não foi a instituição como um todo, seja Exército, Marinha, Aeronáutica. Não participaram como instituição. Participaram figuras.

Na semana passada, a PF concluiu investigação que apontou que Bolsonaro, quatro ex-ministros e militares cometeram crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.

Na plateia formada por empresários, Temer destacou que as instituições brasileiras são resilientes e elogiou o desempenho da economia do país. Ele criticou, no entanto, o que considera uma “falta de projeto” do governo federal. A jornalistas, depois, ele depois reforçou o palpite sobre a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— O que o povo deseja é saber o que é um governo de quatro anos agora de dois anos vai fazer ao longo do tempo quais são os gestos que vão praticar. Isso dá uma certa tranquilidade, uma certa segurança social, acharia útil se isso ainda viesse a ser feito.

Durante o painel, Temer defendeu que as reformas econômicas que promoveu enquanto esteve na presidência têm gerado efeitos positivos para o desempenho do país. Também avaliou como positivo o ganho de protagonismo do Congresso nos últimos anos e voltou a sugerir que o país deveria adotar um regime semipresidencialista, em que o legislativo seja transformado em "uma área de execução governamental".

O ex-presidente também criticou a proposta de emenda constitucional que propõe a redução da jornada de trabalho no país, do limite de 44 horas para 36. Para ele, "o Brasil não está preparado para isso".

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