DISCURSO NA FESTA

Lula encerra dia de posse com discurso no palco e beijo em Janja: "Obrigado por vocês existirem"

Presidente discursou no Festival do Futuro

Lula e Alckmin no palco na festa popular na Esplanada; pernambucano Antônio Marinho entoa versosLula e Alckmin no palco na festa popular na Esplanada; pernambucano Antônio Marinho entoa versos - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao palco do “Festival do Futuro”, no fim da noite desse domingo (1º), após participar de um jantar no Itamaraty. Ao lado da primeira-dama, Janja, ele iniciou seu discurso agradecendo: "Obrigado por vocês existirem".

O festival foi uma série de shows organizados pela primeira-dama para o dia da posse, e contou com a presença de vários artistas, que deram voz a gritos de protestos em favor da democracia, como Maria Rita, Pabllo Vittar, Martinho da Vila e Valesca Popozuda.

Lula beija Janja no encerramento do discurso diante do povo em BrasíliaFoto: Caio Guatelli/AFP

Aplausos
Acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin e da primeira-dama, Lula chegou ao Festival do Futuro às 23h. Antes de o presidente falar, ouviu um discurso de dez minutos do poeta popular Antônio Marinho, de São José do Egito (PE), que relatou as dificuldades e as superações do povo nordestino.

A participação no festival encerrou, de maneira informal, a maratona de desfiles, discursos, assinaturas e recepções, no mais próximo contato dele com o povo que lotou a Esplanada para a posse e permaneceu no local para o evento musical.

— Eu queria, em nome do Geraldo Alckmin, da Lu, da Janja e de todas as pessoas que trabalharam para que esse evento pudesse ser realizado (...), obrigado por vocês existirem. Obrigado por vocês fazerem o que fizeram. Eu digo todo santo dia: tenho certeza que tem o dedo de Deus na minha cabeça, porque não é possível passar pelo que eu passei, sofrer o que sofri, e por causa de vocês estou aqui outra vez subindo a rampa do Palácio do Planalto — disse o presidente.
 

Por diversas vezes, o público interrompeu as falas para aplaudir o presidente e cantar o coro “Olê, olê, olá, Lula”, que caracteriza as campanhas eleitorais do presidente desde o fim dos anos 1980.

Assunto presente em seus dois discursos anteriores no dia da posse, Lula voltou a defender que mulheres ganhem salários de igual patamar com homens que ocupam o mesmo cargo, ou desempenhem a mesma função.

— Agradeço sobretudo às queridas companheiras mulheres; se preparem porque uma de nossas conquistas será garantir que a mulher terá o direito de ganhar o mesmo salário quando exercer o mesmo trabalho que um homem. Que a mulher tem que fazer política, decidir o destino deste país, e que a mulher tem que estar onde ela quiser, fazendo o que ela quiser — disse o petista.

— Para agradecer a vocês, às mulheres, eu vou dar um beijo na Janja! Só não pode ser muito, porque o presidente e a primeira-dama não podem beijar muito em público — brincou Lula.

Em seguida, o petista ainda incentivou seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), a beijar a mulher, Lu Alckmin.

— Ô Geraldo, quer dar um beijo na Lu, Geraldo? — completou, aos risos.

— Esse meu boy é demais! — encerrou Janja.

Janja falou um pouco antes de deixar o palco. “Aproveitem a festa. A alegria tomou posse e não vai sair daqui mais”, declarou. No fim, ainda brincou: “Esse meu boy [o presidente Lula] é demais”.

Após Lula, Janja e Alckmin saírem, houve uma pane elétrica que interrompeu o fornecimento de energia para o palco, por volta das 23h20. Às 23h50, os shows recomeçaram.

Manifestações populares
O dia de shows nos palcos Elza Soares e Gal Costa começou com um cortejo de manifestações populares e com um show intitulado "Brasília de Todos os Ritmos", que reuniu artistas da cidade. A diversidade de artistas e estilos musicais encontrou “convergência” na promoção dos encontros. Nenhum artista subiu sozinho ao palco.

Margareth Menezes cantou com o grupo Baianasystem. E Gaby Amarantos convidou Aíla, Kâe Guajajara e Jaloo para participarem do seu show.

O primeiro show a ser transmitido ao vivo foi o do pastor evangélico Kleber Lucas, com a participação de Clóvis Pinho, Leonardo Gonçalves, Mn Mc e Sarah Renata. Eles cantaram louvores religiosos. A apresentação começou com uma declaração da cantora Sarah Renata.

— O próprio Jesus nos deu uma dica de como identificar quem são os verdadeiros seguidores de Cristo. A Bíblia diz assim: 'Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros' [João 13:35]. Então, a 'régua' de Cristo é o amor, não o moralismo. Se você vir por aí, ainda que seja em nome de Deus e da família tradicional brasileira, exclusão, racismo e violência, essa não é a 'régua' de Cristo. Ela é o amor. — disse a cantora, antes de começar a cantar o louvor gospel "Renova-me", da bolsonarista Aline Barros.

Antes da parada para a cerimônia oficial da posse de Lula, a cantora, compositora e ativista indígena Kaê Guajajara subiu ao palco para dar voz às causas dos povos indígenas do Brasil. Moradora do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Kaê entoou rap com letra que fazia referência

— Estou aqui hoje, depois de muita resistência a toda colonização que os povos originários vêm enfrentando, nas favelas e nas cidades. Pandemia atrás de pandemia, nós estamos resistindo mesmo com as aldeias dentro das cidades. Somos resistência assim como a aldeia Maracanã é, no Rio de Janeiro — afirmou Kaê.

À noite, em show intitulado "Outra Vez Cantar", o festival reuniu Alessandra Leão, Chico César e Geraldo Azevedo, Fernanda Takai, Francisco El Hombre e Luê, Flor Gil, Johnny Hooker, Lirinha, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Paulo Miklos, Tulipa Ruiz e Thalma De Freitas.

Depois, em "Amanhã Vai Ser Outro Dia", reuniu Aline Calixto, Fernanda Abreu, Jards Macalé, Maria Rita, Martinho Da Vila, Paula Lima, Leoni, Renegado, Rogeria Holtz, Teresa Cristina, Romero Ferro, Zélia Duncan e Delacruz.

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