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Eleições 2022

Terceira via é incerta, e Moro ainda precisa passar por teste político, diz Lira

A defesa do Auxilio Brasil, programa social criado pelo governo e modificado pela Câmara, foi um dos pontos de destaque na entrevista de Lira

Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e o deputado Arthur Lira Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e o deputado Arthur Lira  - Foto: Isaac Amorim/MJSP / Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Às vésperas do ano eleitoral, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), enxerga um cenário político em que predomina a polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e diz que a terceira via está "bastante dividida".

"Tem muitos eleitores que pensam: nem um nem outro. Mas quem vai personificar os interesses desse eleitor é que está difícil", disse em entrevista à GloboNews na noite desta quarta-feira (1).

Para Lira, o ex-juiz Sergio Moro está em evidência porque teve a pré-candidatura a presidente recém-lançada, mas ainda será julgado sob o ponto de vista político. "Era um homem da Justiça, reconhecido pelos atos de juiz, certos ou errados. A política ainda vai testar."

Na avaliação do presidente da Câmara, existe curiosidade em torno da figura de Moro, mas na política o tema do combate à corrupção, apesar de ser uma pauta de todos, não basta. Ele citou questões como o combate à fome e a necessidade de investimentos sociais.

"A vida não é tão fácil quando você está com uma caneta na mão e um papel em branco para fazer despachos", afirmou.

Apesar de considerar que a Operação Lava Jato teve acertos, o político aponta erros grosseiros que culminaram com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de apontar a parcialidade de Moro em relação a Lula.

Em março, após avaliação da Segundo Turma do STF, Lira afirmou que a parcialidade da operação "jamais poderá merecer o perdão da história".

Aliado de Bolsonaro, o presidente da Câmara afirmou também que o centrão sempre garantiu a estabilidade do país e contribuiu inclusive com os governos dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Lira ainda desconversa sobre a própria reeleição para o comando da Câmara.

Durante a entrevista, no entanto, ele afirmou que fez muitos esforços para dialogar no "chão de fábrica" do Legislativo, independentemente das ideologias políticas, e isso pode fortalecê-lo em uma eventual tentativa de permanecer no cargo.

Discretamente, ele chegou a minimizar o apoio de Bolsonaro para a sua eleição ao afirmar que conquistou a confiança e o voto dos parlamentares, mesmo disputando com um candidato da oposição.


A defesa do Auxilio Brasil, programa social criado pelo governo e modificado pela Câmara, foi um dos pontos de destaque na entrevista de Lira.

"O grande erro nesse momento é misturar as 20 milhões de famílias brasileiras que passam fome com a eleição 2022", disse, ao tentar desvincular a criação do programa a uma prática eleitoreira. "A pandemia machucou muito e os que estão lá embaixo precisam desse auxílio".

Ao ser questionado sobre o uso de recursos que seriam destinados a pagamentos de precatórios para o programa, Lira afirmou que não vê como uma alternativa orçamentária viável o corte de recursos de emendas parlamentares. Para ele, isso atingiria investimentos em áreas como o saneamento básico e outros programas sociais.

"A realidade do Brasil de verdade é muito diferente da realidade de Brasília", pregou. "As emendas são necessárias".

Ainda sobre os precatórios, o presidente da Câmara defendeu a criação de uma comissão para avaliar no futuro os pagamentos das dívidas que forem reconhecidas pela Justiça.

Com votação prevista para esta quinta (2) no Senado, a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios viabiliza o Auxílio Brasil de R$ 400 no próximo ano. O governo quer estabelecer um teto para a quitação de precatórios. Os que não entrarem nessa lista serão adiados e quitados em anos posteriores.

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