Transfobia, ataques às urnas e golpismo: relembre oito polêmicas do deputado Nikolas Ferreira
Escolhido para comandar a Comissão de Educação da Câmara, influenciador já brigou com Felipe Neto, André Janones, e teve conta bloqueada por espalhar fake news sobre as urnas
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), foi escolhido nesta quarta-feira (6) como presidente da Comissão de Educação da Câmara. A eleição dele para o posto passou por um acordo entre líderes partidários, que foi avalizado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e marcou uma grande derrota simbólica para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Deputado mais votado do país com 1,47 milhão de votos, ele é conhecido por protagonizar polêmicas nas redes sociais e no plenário da Câmara Federal. Na tribuna, o deputado já usou uma peruca para fazer um discurso transfóbico sobre o Dia Internacional da Mulher. O parlamentar também foi barrado no trem do Corcovado e foi acusado de injúria racial.
Relembre oito polêmicas do deputado Nikolas Ferreira:
Barrado no trem do Corcovado
Em setembro de 2021, o então vereador de Belo Horizonte foi barrado quando tentava visitar o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e não pôde embarcar no Trem do Corcovado. Conhecido por criticar medidas para reduzir o impacto da pandemia, ele não apresentou comprovante de vacinação contra a Covid-19. Após o episódio, nas redes sociais, comparou o passaporte da vacina e o trabalho dos funcionários do monumento a medidas nazistas.
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Transfobia
Em 2022, Nikolas Ferreira divulgou uma gravação, onde uma adolescente transgênero de 14 anos usava o banheiro feminino de uma escola particular. O então vereador pedia o boicote da instituição de ensino por permitir que a aluna em questão utilizasse o mesmo banheiro que alunas cisgênero.
Nas imagens, a adolescente é questionada pela irmã de Ferreira, que menciona o nome da escola. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) instaurou um inquérito para apurar o episódio.
"Jesus não veio para o mundo para combater a desigualdade"
O parlamentar foi atacado nas redes sociais pouco tempo depois das eleições ao dizer que Jesus Cristo não tinha como propósito combater desigualdades. A declaração foi feita durante um debate contra Guilherme Boulos (PSOL), segundo deputado mais votado do país. Segundo Ferreira, Jesus “veio pagar um preço que ninguém poderia pagar”, e não acabar com a pobreza.
Ataques a Felipe Neto
Nikolas Ferreira liderou os ataques no campo da direita contra Felipe Neto, depois que o influenciador declarou apoio a Lula (PT) nas eleições. A troca de farpas rendeu o bordão "chupetinha de genocida", que ficou conhecido nas redes.
O tuíte com maior engajamento do período foi da resposta do então vereador a Neto, onde dizia: "Insignificante, disse Felipe Neto sobre mim… O deputado mais votado do Brasil. Você imita foca, mano", escreveu.
Briga com Janones
O novo parlamentar também se envolveu em outra polêmica quando acompanhou Jair Bolsonaro no debate presidencial da Band. O parlamentar se envolveu em uma discussão com o deputado federal André janones (Avante), que apoia Lula, nos estúdios da rede de TV.
Enquanto Nikolas teria feito gestos provocativos, Janones o teria chamado de “mascote da milícia”. A organização do evento teve que separar os integrantes das campanhas com um cordão de segurança.
Ataques às urnas e golpismo nas redes
Nikolas Ferreiras foi um dos congressistas do PL que teve as contas nas redes sociais suspensas por reforçar as invasões às sedes dos Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro, seja incitando os atos ou disseminando, nos dias seguintes, desinformação e teorias da conspiração para relativizar os crimes. Em novembro, o STF já havia determinado a suspensão dos perfis dele no Facebook, Instagram e Twitter devido a ataques ao processo eleitoral.
Gordofobia
Em fevereiro, o deputado compartilhou uma foto da influenciadora Thais Carla vestida de Globeleza nas redes com o comentário: "Tiraram a beleza e ficou só o Globo". A defesa de Thais entrou na Justiça com pedido de indenização por danos morais e uso indevido de imagem. A influenciadora afirma que esse tipo de ação é importante para combater a gordofobia.
Após a grande repercussão negativa do comentário, o deputado postou um vídeo irônico para comentar as críticas:
"Fiz uma declaração aqui sobre essa modelo e vim aqui para pedir desculpa. Pedir desculpa, porque a gente fala, a gente erra, e onde já se viu, né? Onde eu tava com a cabeça de dar a minha opinião. De chamar uma gorda de gorda", disse, acrescentando: "Eu deveria ter tratado a obesidade como romance, como empoderamento, e não como doença" (...) "Onde já se viu, no século 21 ter opinião própria, né?", disse na gravação.
Injúria racial
Nikolas Ferreira poderá responder por injúria racial contra a também parlamentar Duda Salabert (PDT -MG). O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acatou um pedido do Ministério Público sobre o caso e determinou que a 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte analise a queixa-crime da deputada de 2020. À época, o deputado usou um pronome masculino para se referir à Duda, que é uma mulher transexual.
“Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, disse Nikolas sobre Duda em uma entrevista, logo após a eleição para vereador. Durante os dois anos que Nikolas e Duda dividiram a tribuna da Câmara dos Vereadores de BH, os embates foram constantes.