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ITÁLIA

UE antecipa tensões com eventual governo de Meloni na Itália, mas não uma ruptura

"Não é a primeira vez que nos deparamos com o desafio de enfrentar governos formados por partidos de extrema-direita ou de extrema-esquerda", disse o comissário europeu, Didier Reynders

Candidata de extrema-direita Giorgia Meloni durante um comício conjunto dos partidos de direita da Itália Candidata de extrema-direita Giorgia Meloni durante um comício conjunto dos partidos de direita da Itália  - Foto: Alberto Pizzoli/ AFP

A perspectiva de um governo na Itália chefiado pela candidata de extrema-direita Giorgia Meloni preocupa as instituições europeias, mas diplomatas e especialistas não consideram atualmente um cenário de ruptura desse país com o bloco. 

"Não é a primeira vez que nos deparamos com o desafio de enfrentar governos formados por partidos de extrema-direita ou de extrema-esquerda", disse o comissário europeu para a Justiça, Didier Reynders. 

"Deixe que os eleitores escolham seus representantes eleitos. Reagiremos aos atos do novo governo e temos instrumentos à nossa disposição", acrescentou. 

Líder do partido de extrema-direita Fratelli d'Italia, Meloni é a favorita nas eleições legislativas de domingo (25).

A candidata se prepara para governar em coalizão com a Liga, o partido antieuropeu liderado por Matteo Salvini, e o Força Itália, o movimento conservador criado por Silvio Berlusconi. 

Em um momento crítico para o bloco após a guerra entre Rússia e Ucrânia, a Itália seria, depois da Suécia, o segundo país membro da UE a formar um governo de coalizão com a extrema-direita. 

Para Fabian Zuleeg, do centro de estudos 'European Policy Centre', o bloco europeu enfrenta um cenário de dificuldades e, portanto, as mudanças políticas ocorridas na Suécia e que podem se confirmar na Itália "não ajudarão a tomar decisões necessariamente difíceis".

200 bilhões de euros

A aliança do Força Itália, membro do Partido Popular Europeu (PPE), com a extrema-direita, provocou fortes críticas no Parlamento Europeu.

Dentro das instituições europeias, porém, estima-se que os enormes recursos aprovados para a recuperação da economia peninsular - 200 bilhões de euros - devem encorajar os novos líderes italianos a serem cautelosos. 

"Ficar sem os bilhões [de euros] do plano de recuperação seria suicida", afirmou Sébastien Maillard, diretor do Instituto Jacques Delors.

Um diplomata europeu, por sua vez, salientou que "a Itália multiplicou os sinais destinados a tranquilizar os mercados e os seus parceiros europeus". 

No entanto, ele se perguntou "quem será o ministro das Finanças? Os nomes que circulam por aí são nomes muito conhecidos em Bruxelas. Vamos dar a eles o benefício da dúvida".

As tensões dentro da UE também são temidas por questões como imigração e questões sociais, incluindo o direito ao aborto. 

Também é necessário destacar a oposição aberta de Meloni às sanções propostas pela Comissão Europeia para obrigar o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, a combater a corrupção e respeitar o Estado de direito.

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