União Brasil faz nova ofensiva por Embratur e Correios após chegada de Gleisi à articulação política
Integrantes da legenda articulam com presidente da Câmara, Hugo Motta, avanço da negociação com o Planalto em troca de ampliação da base de governo
Líderes do União Brasil aproveitaram a troca na chefia da articulação política do governo e retomaram a ofensiva para assumir a Embratur e os Correios.
O pedido foi encaminhado ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que assumiu a ponte entre os deputados e a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), com quem se reuniu no domingo.
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A agência Turismo chega a movimentar cerca de R$ 200 milhões de despesas ao ano e tem influência, já que pode fechar contratos e parcerias com empresas privadas de eventos, lazer e turismo pelo país.
Já os Correios chegaram a movimentar cerca de R$ 16 bilhões em despesas no ano passado, quando também registrou um déficit de R$ 3,2 bilhões, o que foi criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Embratur está hoje sob o comando de Marcelo Freixo (PT-RJ), enquanto os Correios são chefiados por Fabiano Silva dos Santos, do grupo de advogados Prerrogativas, próximo a Lula.
O União Brasil já está à frente dos ministérios das Comunicações, com Juscelino Filho, e do Turismo, Celso Sabino, além de ter indicado o titular do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Lideranças da legenda, porém, argumentam que as pastas têm pouco potencial de entrega de programas para municípios, além de se queixarem das verbas. Para 2025, os orçamentos das pastas são de R$ 1,07 bilhão para o Turismo e R$ 1,2 bilhão para as Comunicações.
O União tem a terceira maior bancada de deputados federais, com 59, perdendo apenas para o PL e o PT. Apesar do tamanho, o partido não tem apresentado alto volume de votos favoráveis a projetos do governo.
Durante votação do pacote fiscal, por exemplo, no fim do ano passado, o União entregou 36 votos favoráveis, de uma bancada de 59 deputados. Parlamentares do União avaliam que, se o governo quer “melhorar o diálogo e ter voto” no Congresso, são necessárias mais demonstrações de “boa vontade” com a bancada.
O Ministério do Turismo, porém, também é cobiçado por integrantes do PSD, que defendem que a Embratur venha no mesmo combo de entrega.
Deputados ainda mencionaram que o partido tem uma capilaridade maior do que o União Brasil no Nordeste, região com alto potencial turístico.
Outro empecilho para o União assumir a Embratur ou os Correios seria o desenho do próprio partido, que é rachado. Boa parte dos parlamentares defendem o afastamento da legenda do governo Lula e a caracterização do partido como oposição, em linha com Jair Bolsonaro, ou com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
— Acredito que a maioria do partido está mais alinhada com o distanciamento com relação ao governo — disse o deputado Mendonça Filho (União-PE).
O atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destaca que o União Brasil vem pedindo a estatal desde o início do governo Lula.
— União Brasil tem interesse desde 2023. Mas essa é uma decisão do presidente — afirmou.
Gleisi terá reuniões nesta semana com líderes da Câmara dos Deputados, começando nesta terça-feira com PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL e PV. A noite, ela irá oferecer um jantar para os demais líderes de centro, como PP, Republicanos e União Brasil. O objetivo, além de desenhar prioridades na agenda de votações, será a articulação com as legendas para negociar o espaço dos partidos de centro no governo. Gleisi vai ajudar a organizar uma nova fase da reforma ministerial junto com o presidente da Casa, Hugo Motta, e com aval de Lula.
A ministra também se reuniu no domingo com o atual líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), que vinha sendo cotado para assumir a pasta de Relações Institucionais. A ministra tem dito a aliados que a liderança de governo poderia ser ocupada por um representante de centro.
Hoje, o líder na Câmara é José Guimarães (PT-CE). Petistas, porém, acham difícil a saída de Guimarães neste momento, quando a presidência do PT ainda precisa ser definida.
Edinho Silva (SP) tem sido o mais cotado, mas o atual líder do governo também vinha disputando o posto.
Gleisi e Isnaldo falaram sobre a necessidade de enxugar a pauta da Câmara para focar nas prioridades do governo, como o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, além de mencionarem a possibilidade de avanço de propostas que modifiquem o número de cadeiras de deputados por estado.
Um formato, porém, ainda não está acordado.