Única mulher na mesa, Eliziane Gama é interrompida quatro vezes em fala na CPI do dia 8 de janeiro
'Mulheres são duas vezes mais interrompidas', reclamou a senadora
A relatora da CPI do dia 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), teve sua fala interrompida quatro vezes pelos deputados e senadores presentes na comissão. A senadora é a única mulher eleita para a mesa do colegiado.
— Senhor presidente Arthur Maia, quero cumprimentar vossa excelência — iniciou a sua fala e logo foi interrompida. A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) pediu respeito à senadora.
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— Presidente será que poderíamos garantir que todos pudêssemos escutar a fala da senadora? — disse Hilton.
Em seguida, Eliziane tenta falar "presidente" e é cortada mais duas vezes.
— Quero pedir a todos que tenham respeito, todos terão a palavra, mas vamos seguir a ordem — solicitou o presidente, o deputado federal Arthur Maia (União-BA)— todos respeitem a fala da senadora.
— Obrigada presidente, queria primeiramente te agradecer por ser relatora dessa comissão de inquérito. É de muita responsabilidade pelo foco do objeto de investigação que é um dos atos mais terríveis da história brasileira desde sempre. Nem nos momentos mais terríveis da ditadura acompanhamos o que vimos — disse a senadora que novamente é interrompida.
Arthur Maia intercede mais uma vez. Ao retomar a fala, Eliziane reclama do machismo.
— Mulheres são duas vezes mais interrompidas. Essa prática nós mulheres acompanhamos todo dia. Como dizia, é uma honra muito grande — desta vez consegue finalizar sua fala.
A senadora afirmou que apresentará o plano de trabalho da comissão na próxima semana.
CPI do MST: Sâmia também foi interrompida
Na CPI do MST nesta quarta-feira, a deputada governista Sâmia Bomfim (PSOL-SP) também foi interrompida e questionou um suposto tratamento diferente entre homens e mulheres dentro da comissão parlamentar.
— Muito me estranha que eu tenha feito duas questões de ordem que foram indeferidas antes mesmo que eu pudesse apresentá-las para expor um fato relativo a um relatório final sobre uma chacina. O deputado Valmir Assunção (PT-BA) tenha feito o mesmo levantamento, só que teve uma diferença: eu não pude terminar de fazer a minha fala, mas ele pode terminar de fazer a dele — afirmou a parlamentar, que questionou: — Queria entender por que existe essa diferença de tratamento entre homens e mulheres membros dessa CPI?