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BRASIL

Único do PL a ser contra marco temporal se justifica: "Votei por meus ancestrais indígenas"

Deputado disse que foi liberado pela legenda de Bolsonaro

Indígenas protestam contra o marco temporalIndígenas protestam contra o marco temporal - Foto: Michael Dantas / AFP

O deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) foi o único da bancada do PL que votou contra o marco temporal da demarcação das terras indígenas nesta terça-feira. O projeto foi articulado por ruralistas e deputados do Centrão e representou uma derrota para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já se posicionou contra a ideia durante a campanha eleitoral.

Embora seja da legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado é ex-ministro dos Transportes da petista Dilma Rousseff. Ele negou que o voto represente um aceno ao governo.

— Eu sou o único do PL que tem ascendência indígena, a minha bisavó nasceu em Itapecerica da Serra (município de São Paulo) e era índia. Não preciso falar mais nada — disse ao Globo.

Mesmo votando contra o texto, o parlamentar evitou criticar o partido por apoiar maciçamente a iniciativa.

— Eu não entro no mérito, eu estou falando de ascendência. Não posso votar contra minha ascendência — reafirmou.

De acordo com ele, a legenda o liberou para votar contra o projeto.

— Fui liberado porque eu tenho ascendência de índio, jamais iria votar contra minha origem — declarou.

O projeto foi aprovado por 283 votos favoráveis e 155 contrários. A ideia central do texto é estabelecer a data da promulgação da Constituição de 1988 como marco para demarcar terras indígenas. Críticos da iniciativa dizem que definir uma data seria desconsiderar uma série de conquistas feitas pelos indígenas.

 

O projeto também dá brecha para exploração de garimpo, construção de estradas e hidrelétricas nas terras, além de permitir contato com povos isolados em casos de "interesse público".

A aprovação do texto é uma reação a um julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, que está marcado para a semana que vem. Ao articular o projeto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), planeja se antecipar ao STF e evitar que o tribunal reveja um entendimento anterior que reconheceu o marco temporal.

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