Valdemar chega à PF para prestar depoimento sobre trama golpista
Presidente do PL deve falar sobre ação na qual partido pediu anulação de parte dos votos nas eleições de 2022
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou por volta das 14h05 nesta quinta-feira à sede da Polícia Federal para prestar um novo depoimento no âmbito do inquérito da trama golpista, que apura um plano cujo objetivo era manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022. O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Valdemar foi indiciado no mês passado junto com o ex-presidente e outros 35 homens por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Ele deve ser questionado pela polícia sobre a ação que buscou questionar a lisura do processo eleitoral.
A PF apontou no relatório final que Valdemar e Bolsonaro agiram de maneira dolosa — ou seja, com intenção — ao peticionar na Justiça Eleitoral um relatório pedindo a invalidação dos votos de milhares de urnas.
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"Os investigados tinham plena ciência de que os 'argumentos técnicos', que serviram de fundamento para a ação, eram falsos, não provando qualquer fraude ou irregularidade no sistema das urnas eletrônicas, que desacreditasse o pleito realizado em outubro de 2022", pontuou a PF.
Após a derrota de Bolsonaro em 2022, o PL entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na qual pedia a anulação de parte dos votos das eleições de 2022. A investigação da PF aponta que o PL foi usado “para financiar a estrutura de apoio às narrativas que alegavam supostas fraudes às urnas eletrônicas, de modo a legitimar as manifestações que ocorriam em frentes as instalações militares".
Segundo a PF, o ápice da estratégia ocorreu no dia 22 de novembro de 2022, quando a coligação formada pelo PL, Republicanos e Progressistas entrou com uma ação que, na prática, anularia votos de urnas utilizadas nas eleições daquele ano. Sobre isso, a PF aponta que apesar de o questionamento formal sobre as urnas ter partido da coligação, Valdemar era o "principal fiador dos questionamentos".
Conforme a PF, dentro da divisão de tarefas estabelecidas por um dos núcleos da organização, chamado de "núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral", coube a Valdemar Costa Neto "financiar, divulgar perante a imprensa e endossar a ação judicial que corroborava a atuação da rede de ‘especialistas’ que subsidiaram ‘estudos técnicos’ que comprovariam supostas fraudes nas eleições presidenciais de 2022”.
Segundo os investigadores, o antigo comitê da campanha de Bolsonaro, alugado pelo PL, chegou a ser usado por investigados. O local, de acordo com a PF, ficou conhecido como "QG do golpe", pelo fato de ter sido frequentado, após o término do segundo turno das eleições, "por diversos apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro entusiastas de uma intervenção militar das Forças Armadas que resultaria na continuidade do então presidente no poder".