PREFEITURA DE SÃO PAULO

Valdemar é pressionado a não liberar saída de Salles do PL

Ex-ministro deve se filiar ao recém-criado PDR

Valdemar Costa NetoValdemar Costa Neto - Foto: reprodução/Instagram

A menos de um ano da eleição municipal, cresce a pressão sobre o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, em torno da pré-candidatura de Ricardo Salles à Prefeitura de São Paulo. Enquanto bolsonaristas ainda tentam mantê-lo na legenda, integrantes do chamado “PL raiz” articulam para impedir que o ex-ministro do Meio Ambiente saia do partido sem perder o mandato.

Em outubro, Valdemar deu sinal verde para Salles deixar o PL e disputar a prefeitura por outra legenda. Como mostrou O Globo, o acordo para uma carta branca foi costurado junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e tinha uma condição: Bolsonaro ser o responsável pela indicação da vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o que minaria um possível apoio do ex-mandatário a Salles.

Na última terça-feira, Salles participou de uma reunião com Bolsonaro, Valdemar e dois apoiadores de sua candidatura, os deputados federais Mario Frias (PL-RJ) e Luciano Zucco (Republicanos-RS), para tratar do assunto. O ex-ministro vinha cobrando celeridade para sua carta de anuência, já que ele tem apalavrada sua filiação ao recém-criado PDR, resultado da fusão entre o PTB e o Patriota.

No encontro, que durou 40 minutos, Bolsonaro tentou convencer Valdemar a permitir que Salles disputasse a eleição pelo PL, segundo um participante ouvido pelo Globo. Para o ex-presidente, o aliado ganharia mais força com o peso da legenda, os recursos do fundo eleitoral e o tempo de TV.

Valdemar se mostrou relutante em ceder, de acordo com o relato, citando que uma candidatura bolsonarista não teria sucesso na capital, onde o eleitorado é mais progressista e deu vitória a Lula e Fernando Haddad na última eleição. O cacique sugeriu que um acordo fosse construído com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na avaliação de bolsonaristas, o gesto seria um meio de frear a alternativa da candidatura pelo PL, já que o governador é aliado de Nunes e desafeto de Salles. O próprio prefeito tem investido mais energia em consolidar o apoio de Tarcísio do que tentar atrair Bolsonaro para seu palanque.

Num evento de lançamento do PL60+, iniciativa da legenda para atrair eleitores idosos, realizado logo após a reunião para tratar de Salles, Bolsonaro reconheceu no palco que o partido tem tido problemas com as nominatas municipais, envolvendo disputas entre grupos numa mesma cidade.

— O Valdemar fala que eu mando no partido. Gostaria que fosse verdade, mas a palavra final é dele. Por vezes, eu engulo um candidato do Valdemar e ele engole um candidato meu — disse na ocasião.

"PL raiz" com Nunes
Correligionários de Valdemar consideram que é praticamente impossível o cacique abandonar o projeto de Nunes. Primeiro, porque o PL é base da gestão municipal, com duas subprefeituras (Campo Limpo e Butantã) mais a pasta do Verde e Meio Ambiente. Segundo, porque o presidente do PL não perdoou os ataques promovidos contra ele por Salles. Outro ponto é que a candidatura de Salles pelo PL deixaria Tarcísio e Bolsonaro em lados opostos na capital.

Enquanto Salles pressiona pela carta de desfiliação, integrantes do PL raiz tentam convencer Valdemar a voltar atrás da decisão. Para eles, o mandato pertence ao partido, e uma eventual saída descomplicada poderia atrapalhar a candidatura de Ricardo Nunes.

Essa ala do PL, que seria liderada pelo deputado federal Antonio Carlos Rodrigues, aliado de primeira ordem de Valdemar e líder da bancada paulista, defende que o cacique feche o cerco a Salles, obrigando ele a travar uma disputa na Justiça para seguir com o projeto eleitoral. O movimento, dizem, poderia trazer desgastes à candidatura do ex-ministro.

Ao GLOBO, Antônio Carlos Rodrigues diz que seu grupo político deve ficar com Nunes, de quem se diz amigo, independentemente de Salles sair candidato pelo PL ou outro partido.

— Vamos pedir autorização do diretório nacional para ficar com o Nunes. Se não der, vamos ficar neutros. Chance de apoiar o Salles é zero — afirmou.

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