Logo Folha de Pernambuco

SÃO PAULO

Vamos responsabilizar estabelecimentos com casos de racismo, diz Orlando Silva

Candidato do PC do B à Prefeitura de São Paulo afirmou que fará da capital paulista uma cidade sem racismo

Orlando Silva é deputado federal pelo PCdoBOrlando Silva é deputado federal pelo PCdoB - Foto: Luís Macedo/ Câmara dos Deputados

Em sabatina promovida por Folha de S.Paulo e UOL na manhã desta quinta-feira (22), o deputado federal Orlando Silva (PC do B), candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou que seu objetivo é tornar a capital paulista uma cidade livre do racismo e referência nesse tema para o país.

Para isso, o candidato mencionou medidas práticas que pretende adotar, incluindo a responsabilização solidária de estabelecimentos cujos funcionários pratiquem racismo.

"Vamos responsabilizar solidariamente os estabelecimentos, chegando no limite a caçar o alvará de funcionamento de estabelecimentos reincidentes em atos de racismo", disse Silva, para quem é preciso engajar a sociedade contra o racismo estrutural.

Silva tem 1% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha. Celso Russomanno (Republicanos), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), lidera com 27%. O prefeito Bruno Covas (PSDB), que conta com o apoio do governador João Doria (PSDB), aparece em segundo com 21%.

Na entrevista, Silva mencionou o seu padrinho a nível nacional, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). "A experiência do Maranhão é inspiradora. [...] Quero ser prefeito para trazer a experiência positiva de Flávio Dino."

Ainda em relação ao combate ao racismo, o candidato afirmou ter como propostas o reforço do ensino de história da África nas escolas e a criação de uma defensoria municipal para tratar de temas de direitos humanos e acompanhar casos de racismo e homofobia.

O deputado afirmou que o chamado escândalo da tapioca foi um episódio de racismo. Quando ministro dos Esportes no governo Lula (PT), Silva comprou uma tapioca com o cartão corporativo e foi alvo de CPI sobre o tema. Também foram identificados gastos de verba pública em restaurantes e em um hotel, e o deputado na época afirmou ter devolvido R$ 30.870,38 ao Tesouro.

"Tenho certeza que houve notas de racismo nessa campanha odienta feita contra mim. [...] Sequer fui convidado a falar nos inquéritos", disse. As investigações sobre o uso irregular dos cartões corporativos não foram adiante.
Orlando Silva criticou Russomanno, a quem chamou de "pastel de vento" por se negar a responder perguntas que, para o deputado, o eleitor tem direito de saber.

O candidato do PC do B disse ainda que Russomanno "vai acabar eleição com nome no SPC" por prometer o auxílio paulistano sem que o governo federal tenha condições de bancar a proposta.

"Eu tenho uma convicção: a cidade de São Paulo vai derrotar Jair Bolsonaro. [...] Na medida em que a população se ligue mais na eleição e quando descobrirem que Russomanno é o candidato de Bolsonaro, ele vai perder terreno", afirmou sobre a liderança do candidato do Republicanos.

Silva foi questionado a respeito da renda mínima e da distribuição de renda, bandeiras históricas da esquerda, terem sido apropriadas pelo campo da direita, sobretudo com o auxílio emergencial do governo Bolsonaro.

Para ele, trata-se de uma "adesão oportunista", mas que deve ser comemorada porque cria melhores condições de vida para a população.

"Se o campo conservador aderiu à tese, considero que o campo conservador adere a civilização. Tem conquistas da humanidade que são civilizatórias, medidas para garantir a dignidade das pessoas. [...] Bem-vindos à civilização", afirmou.

O candidato criticou ainda a proposta do prefeito Covas de desestatizações. "Isso é uma grande bobagem. A ideia de que tudo que é público é ruim e tudo que é privado é bom. [...] Imaginem o que seria do Brasil sem o SUS."

Embora a agência Lupa tenha apontado que o plano de governo de Orlando Silva não traz medidas contra a pandemia, o candidato afirmou que busca o fortalecimento do SUS, que defende a volta às aulas apenas após a vacina e condenou as atitudes de Bolsonaro em relação ao coronavírus.

Silva disse ainda que é preciso ofertar a vacina a todos e fazer uma ampla campanha de vacinação, mas se declarou contra a vacinação obrigatória, como defende Doria. Ao mesmo tempo, afirmou que telefonou ao governador se colocando à disposição como deputado para levantar recursos para a produção da vacina chinesa Sinovac pelo Instituto Butantan, boicotada por Bolsonaro.

O candidato apresentou ainda suas propostas em relação à geração de emprego e renda, o que considera ser o principal problema da cidade hoje, e em relação à cracolândia, que classificou como uma "ferida aberta no centro de São Paulo".

Silva comentou ainda o fato de a esquerda não ter conseguido formar uma frente ampla na eleição em São Paulo, mas descartou haver fragmentação. Disse ser amigo dos candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT).

É a primeira vez que o PC do B lança candidato em São Paulo em vez de apoiar o PT, mas Silva acredita que isso não fragiliza a esquerda. "O PC do B é o campeão mundial da unidade da esquerda, abriu mão da candidatura de Manuela D'Ávilla em 2018 para apoiar o PT."

Silva exerceu o cargo de secretário Nacional de Esporte Educacional no governo Lula, foi secretário-executivo do Ministério do Esporte e, em 2006, empossado como ministro da pasta. É advogado, professor universitário, especialista em gestão pública e doutor em direito.

Veja também

Mauro Cid chega ao Supremo para prestar depoimento
justiça

Mauro Cid chega ao Supremo para prestar depoimento

Relatório da PF aponta indícios de que Bolsonaro sabia de plano para matar Moraes e Lula
Justiça

Relatório da Polícia Federal aponta indícios de que Bolsonaro sabia de plano para matar Moraes e Lula

Newsletter