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Espírito Santo

Vereador bolsonarista manda colega mulher calar a boca durante sessão: 'Fique quietinha'

Em discurso na Câmara de Vitória, Gilvan da Federal (Patriota) ainda chamou o ex-presidente Lula de 'ladrão' e afirmou que vai continuar combatendo políticas LGBTQIAP +, referindo-se ao 'dia nacional de sair do armário'

Gilvan da Federal, vereador de Vitória - ESGilvan da Federal, vereador de Vitória - ES - Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Vitória

O vereador bolsonarista Gilvan da Federal (Patriotas-ES) mandou a parlamentar Camila Valadão (PSOL) "calar a boca" e "ficar quietinha" durante sessão ordinária da Câmara de Vitória nesta quarta-feira. Na véspera, foi realizada uma sessão solene na Casa em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Gilvan discursava no púlpito quando se dirigiu à vereadora alegando que ela estava interrompendo. Em sua fala, o parlamentar também chamou o ex-presidente Lula de "ladrão" e citou supostas relações espúrias com "ditaturas comunistas". Ainda afirmou que vai combater políticas LGBTQIAP +, se referindo ao que chamou de "dia nacional de sair do armário".

— Você não espera nada, você cala sua boca aí — disse Gilvan a Camila. — Está na minha fala. Cala a sua boca, cala a sua boca, cala sua boca. Você está na minha fala. Cala sua boca, fique quietinha — prosseguiu. O trecho pode ser visto no vídeo abaixo a partir de 1h06min55s.

Na gravação, é possível ouvir a vereadora rebatendo o parlamentar. Em seguida, o presidente da Câmara, vereador Davi Esmael(PSD), interveio e pediu moderação ao vereador, para que prezasse pela "política dos bons costumes".

— Eu não tenho política de bom costume com o PSOL. Não tenho. Quem defende aborto, 'vacina salva' e assassinato de criança não tem conversa comigo. Não tem politicamente correto com PSOL comigo, não. Nem com o PT. Então pode calar a boca de vocês, quando eu estiver falando — disse Gilvan.

De acordo com Camila, ela disse apenas "espero que sim", quando o parlamentar rasgou papéis e disse que iria limpar sem ajuda dos funcionários da Câmara. O áudio, no entanto, não foi captado pelos microfones.

— Aúnica coisa que falei foi'‘espero que sim' em referência aos papéis que elerasgou e disse que iria limpar. Eu disse isso fora do microfone, sem levantar avoz e sem o interromper — explicou a vereadora. — Denada adianta fazer homenagens às mulheres, dizer que aqui não tem violênciasendo que a violência está todos os dias aqui. E o nome disso é violência políticade gênero que tem o objetivo de silenciar as mulheres, de intimidar as mulheresque ocupam os espaços de poder. Mas esses gritos não me intimidam.

Após o epidósio, Camila recebeu o apoio da vereadora KarlaCoser (PT), que criticou a inação de outros parlamentares. Camila e Karla são as únicas vereadoras mulheres de um total de 15 representantes na Câmara de Vitória.

Em nota, Gilvan disse que o episódio retrata uma "afronta" ao regimento interno da Câmara e afirmou que as vereadoras criam "narrativas inexistentes" e "interrompem o vereador de forma desrespeitosa e antirregimental", para "levar à mídia de forma distorcida situações que verdadeiramente não se sustentam". Segundo o vereador, ele vai encaminhar uma representação junto à Corregedoria contra os acontecimentos da sessão.

"Os fatos ocorridos hoje não passaram de um embate normal entre parlamentares em que, a Vereadora do PSOL incorreu em uma infração ao regimento interno da Casa de Leis quando interrompeu o vereador Gilvan", diz o texto.

Em março de 2020, Gilvan já havia questionado as vestimentas de Camila e disse que ela "deveria se dar o respeito". Em outra discussão, em dezembro do mesmo ano, o vereador também mandou a colega calar a boca.

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