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Polícia Federal

Vice de Castro é alvo de operação da PF sobre contratos da Saúde; valor supera R$ 563 milhões

Washington Reis (MDB) é ex-prefeito de Duque de Caxias e candidato a vice-governador na chapa de Claudio Castro (PL)

Washington Reis (MDB)Washington Reis (MDB) - Foto: wikipedia

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Agentes da Polícia Federal, com apoio da Controladoria Geral da União, deflagraram a operação Anáfora, com o objetivo de investigar um suposto favorecimento na contratação de cooperativa de trabalho pelo município de Duque de Caxias, por valores que, somados o contrato e seus aditivos, totalizam R$ 563,5 milhões em pouco mais de dois anos.

Um dos alvos da operação é o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), que é atual candidato a vice-governador na chapa de Claudio Castro (PL). Os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa de Reis.

Em nota, Reis confirma ter recebido agentes da Polícia Federal em sua casa, "com mandados de busca e apreensão em uma investigação sobre um suposto favorecimento em contratos de uma cooperativa de trabalho. Washington destaca que atendeu aos policiais e se colocou à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. A polícia fez o seu trabalho, sem nenhum tipo de interrupção ou dificuldade e nada foi encontrado".

O ex-prefeito diz ainda que os policiais estiveram ainda "na Fazenda Paraíso, com outros mandados de busca e apreensão, para averiguação, onde também não encontraram nada ilegal, apenas o espaço em seu funcionamento regular onde, neste momento, mais de 60 dependentes químicos encontram-se em tratamento já que o local é o maior centro de recuperação de dependentes químicos do país".

'Pancadas da política'

No início da tarde, Reis divulgou um vídeo em que afirma sofrer "essas pancadas da política" há um mês das eleições. Segundo ele, a Fazenda Paraíso recebeu de uma empresa doações de tanques redes para a criação de peixes. Esse ato, de acordo com ele, estaria no embasamento da busca e apreensão no local.

— Aquela fazenda é um patrimônio da prefeitura. E ali recebe doações. Recebemos de uma empresa, doações de tanque rede para criação de tilápia. E hoje eu tive uma busca da Polícia Federal na Fazenda Paraíso e na minha casa, dizendo que eu recebi um bem para minha fazenda — afirma o candidato a vice-governador.

Ele chamou de "chocante" o inquérito.

— E a gente sofre, faltando um mês para a eleição, essas pancadas da política que, para muita gente que não consegue o esclarecimento do fato, muitos caem em dúvidas. Mas estou aqui dando uma satisfação. Estou muito tranquilo porque sou firme no que faço e ando direito — continuou.

A Fazenda Paraíso foi inaugurada em dezembro do ano passado, em parceria da Prefeitura de Caxias com os governos estadual e federal, em Xerém. O projeto é inspirado em modelos do Brasil e do exterior, como a Fazenda Esperança, em São Paulo, e o Instituto Carisma, em Medelín, na Colômbia. Além do tratamento para dependência, o local oferece atividades em oficinas, espaços para avicultura, piscicultura, pecuária, produção de hortaliças, gráfica para material escolar, fábrica de ração, produção de blocos de concreto e cursos profissionalizantes.

Em nota, o governador e candidato à reeleição ao governo do Rio, Cláudio Castro, diz que "respeita o trabalho da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) e aguarda os desdobramentos da operação, que acontece em sete municípios, inclusive Niterói, Maricá, Capital, Mesquita, Angra dos Reis e Nova Iguaçu".

Antes de enviar o comunicado, o candidato havia cancelado a agenda desta quinta-feira, que aconteceria pela manhã. Castro remarcou a vistoria na obra do Restaurante do Povo e ato na Central do Brasil para a tarde.

Em sabatina do Globo, Extra, Valor e CBN, na quarta-feira, Castro havia defendido o aliado e e enfatizou ter confiança em Reis. O atual governador afirmou, no entanto, que a situação do vice de sua chapa, ameaçado de ficar inelegível por condenação na justiça, está sendo analisada por sua equipe jurídica:

— A situação jurídica está sendo analisada. Mas queria fazer uma defesa do Washington Reis. Ele tem 10 mandatos, passou por 3 executivos, e não tem nenhuma condenação criminal, por corrupção, algum ato que tenha lesado o povo. Confio muito no Washington Reis e se tiver condições será meu vice com certeza.

O empresário Mário Peixoto também está entre os alvos desta operação. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) após a Operação Favorito, de maio de 2020, caso também ligado à um escândalo na Saúde, com interesses de contratação para os hospitais de campanha durante a pandemia de Covid-19. Peixoto, preso em maio de 2020, é apontado pela Justiça como beneficiário no esquema de corrupção do governo Wilson Witzel. A PF não divulgou detalhes da operação.

27 mandados de busca e apreensão

Participaram da ação cerca de 130 policiais federais e servidores da CGU, com 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 6ª Vara Federal Criminal do Rio, nos municípios de Duque de Caxias (3), Maricá (1), Angra dos Reis (2), Mesquita (1), Niterói (1), Nova Iguaçu (1) e na capital (18).

Segundo a PF, a investigação foi iniciada em janeiro deste ano e aponta que a cooperativa pertence a uma organização criminosa que opera no estado em um contexto de corrupção sistêmica, por meio de desvio de recursos públicos, em especial na área da saúde, há décadas.

Os mandados de busca e apreensão são para diversas pessoas, incluindo empresários, operadores financeiros e prováveis chefes do esquema criminoso.

O nome da operação — Anáfora — faz referência a uma figura de linguagem utilizada por escritores através da repetição de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos. Empregada na poesia e na música, a anáfora aumenta a expressividade da mensagem, enfatizando o sentido de termos repetidos consecutivamente. Com relação à investigação, o que se identificou como uma característica da quadrilha foi a repetição do modo de atuar.

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