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ALIANÇAS

Vice-presidente do PT costura apoio à rival de aliado de Lula: 'Meu amigo há muito tempo'

Deputado Washington Quaquá esteve com o prefeito eleito de Belford Roxo, o bolsonarista Márcio Canella

Washington Quaquá, vice-presidente do PT Washington Quaquá, vice-presidente do PT  - Foto: Reprodução/Instagram

As festas de final de ano trouxeram um clima tenso para os aliados do presidente Lula (PT) no Rio de Janeiro. No último domingo, o vice-presidente do PT e prefeito eleito de Maricá, Washington Quaquá, esteve com o prefeito eleito de Belford Roxo, o bolsonarista Márcio Canella (União Brasil). Na ocasião, ele prometeu levar Canella até Lula.

"Estou com o Canella, que é meu amigo há muito tempo, e vou leva-lo ao presidente Lula, para que o Lula possa fazer investimentos maiores na Baixada, através do Canella. O PT tem que estar com esse irmão aqui, e ele com a gente. Tamo junto", disse o petista, em vídeo publicado nas redes sociais.

Canella, por sua vez, agradeceu Quaquá e também fez afagos, chamando o deputado de "líder político nacional" e "trabalhador".

A aproximação de Quaquá com Canella mexe com um forte aliado de Lula, o atual prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos).

Em seu segundo mandato, Waguinho não conseguiu eleger seu sucessor nas eleições municipais deste ano. O escolhido era seu sobrinho, Matheus, que foi derrotado nas urnas por Canella.

 

Waguinho e Lula se uniram nas eleições de 2022, quando o prefeito foi um dos seus poucos aliados na Baixada Fluminense. Como resultado do apoio, Lula contemplou sua mulher, Daniela Carneiro, em seu primeiro escalão, tornando-se ministra do Turismo.

Daniela Carneiro perdeu o cargo quando Waguinho decidiu se desfiliar do União Brasil, justamente por ter rompido com Canella, que preside a sigla localmente. A pasta era destinada ao partido e, por isso, foi ocupada pelo deputado federal Celso Sabino.

Apesar de estar fora do governo, a ex-ministra e seu marido são constantemente lembrados por Lula. Em setembro deste ano, em evento em Belford Roxo, o presidente disse ter se apaixonado pelo casal à primeira vista.

"Em um momento muito difícil, da campanha de 2022, Waguinho tinha convite para apoiar outros candidatos, e ele e a primeira-dama dele tiveram a coragem de assumir a minha candidatura, mesmo sendo ameaçados. Obrigada Waguinho e minha Dani, pela decência", afirmou Lula.

Antigos aliados
Em 2016, quando elegeu-se prefeito de Belford Roxo pela primeira vez, Waguinho tinha Márcio Canella como vice. A aliança permaneceu sólida até 2022, quando, em campanha conjunta, Canella e Daniela Carneiro, mulher do gestor municipal, foram os mais votados do Rio para deputado estadual e federal, respectivamente.

Impulsionada pelo apoio do marido a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Baixada Fluminense em meio ao segundo turno da eleição presidencial daquele ano, Daniela chegou a ser, por alguns meses, ministra do Turismo do governo petista.

A gênese do racha passa justamente pela escolha de Waguinho sobre Lula na ocasião, já que Canella optou por caminhar com o então aspirante à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Antes mesmo disso, porém, o prefeito, à época também no União Brasil, vetou a indicação do aliado para a vice do governador Cláudio Castro (PL), que também tentaria — e alcançaria — a manutenção no cargo.

Em março do ano passado, o caldo entornou de vez quando Waguinho avisou a Canella que não o apoiaria à sucessão, optando pela aposta no sobrinho, Matheus, seu secretário municipal de Gestão e Inovação.

O rompimento passou ainda por uma saída conturbada de Waguinho do União Brasil para assumir o diretório fluminense do Republicanos.

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