Volta do ex-presidente Bolsonaro, na manhã desta quinta-feira (30), cria clima de tensão em Brasília
Vários pontos estão sendo monitorados pela Polícia do Distrito Federal, que faz a segurança da capital, e pela Polícia Federal
Temendo a repetição de atos violentos, como os ocorridos em 8 de janeiro, Brasília está sob o impacto da volta do ex-presidente Bolsonaro. Vários pontos estão sendo monitorados pela Polícia do Distrito Federal, que faz a segurança da capital, e pela Polícia Federal. Agentes ficarão a postos para bloquear os acessos, caso seja necessário. O objetivo é não causar transtorno à população com a chegada do ex-presidente.
O próprio PL, partido do ex-presidente, tomou suas precauções. Cacique da legenda, Valdemar Costa Neto disse que solicitou reforço policial na região do aeroporto de Brasília. Já ontem, em seu depoimento na Câmara dos Deputados, o ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que a Polícia Federal reforçará a segurança no aeroporto de Brasília.
A Secretaria de Segurança Pública do DF também não pretende permitir que o ex-presidente faça desfile em carro aberto, como chegou a ser cogitado por aliados de Bolsonaro. O secretário Sandro Avelar sustentou que ações do tipo infringem o código de trânsito e não serão permitidas pelo Detran.
O diretor da PF Cezar Luiz Busto afirmou que a orientação vigente na corporação até o momento é de que Bolsonaro faça o desembarque por uma área restrita do Aeroporto Juscelino Kubitschek para evitar que apoiadores se aglomerem no saguão.
A PF também não deve permitir o acesso de parlamentares ligados a Bolsonaro na área restrita do aeroporto. Circula entre deputados e senadores bolsonaristas a versão de que deverão recepcionar o ex-presidente logo após o desembarque. Eles também têm estimulado que apoiadores compareçam ao aeroporto para garantir que a chegada de Bolsonaro ganhe aspectos de grandiosidade.
O Governo do DF, contudo, tem feito apelos para que os apoiadores de Bolsonaro não se aglomerem nos arredores do aeroporto. A Secretaria de Segurança Pública montou uma mega estrutura de monitoramento do trânsito e deve contar com um efetivo reforçado de policiais militares e agentes do Departamento de Trânsito para garantir o deslocamento de Bolsonaro, que deve ser feito do aeroporto até a sede do Partido Liberal, no centro de Brasília.
Como a Esplanada dos Ministérios estará fechada, por uma questão de segurança, o ex-presidente tende a cumprir um roteiro de carreata apenas pelo Eixo Monumental em direção ao prédio do Brasil 21, onde se localiza a sede do PL. Ao desembarcar de seu voo comercial vindo dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro será submetido ao procedimento convencional de inspeção das malas pela Alfândega e deverá apresentar recibos de eventuais compras à Receita Federal.
O vice-presidente da Inframerica, Jean Djedjeian, afirmou que o ex-presidente “passará pelo procedimento normal igual a qualquer outro passageiro” - ou seja, deverá prestar contas das mercadorias trazidas dos Estados Unidos à Receita Federal e terá suas malas inspecionadas pela Polícia Federal (PF).
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Igor Ramos, disse que a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) identificou a movimentação atípica de ônibus de viagem em Brasília nos últimos dias, mas disse não poder compartilhar os dados levantados.
A Secretaria de Segurança do DF descarta, por ora, realizar revistas dos apoiadores de Bolsonaro nos pontos de controle ao longo do trajeto de deslocamento. Segundo o governo, eventuais aglomerações de motos e caminhões nas vias próximas do aeroporto serão submetidas à “triagem”.
DIAS DE TENSÃO
Não serão fáceis nem tranquilos os primeiros dias de Bolsonaro no Brasil. A Polícia Federal já marcou, para a próxima quarta-feira, o depoimento dele no inquérito que trata da entrada ilegal de joias no Brasil. Outro integrante do governo que será ouvido é o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Questionado sobre como o governo Lula avalia a volta de Bolsonaro ao Brasil, o ministro disse que não cabe ao Palácio do Planalto analisar a circulação de um ex-chefe do Executivo que fugiu do País ".Ele vai ter que chegar e dar explicações sobre as jóias, em várias questões que estão sendo descobertas no governo dele”, afirmou Padilha, em conversa com jornalistas no Palácio da Alvorada.
Padilha disse que não há preocupação com manifestações em favor do ex-presidente, diante dos ataques aos Três Poderes de 8 de janeiro. Conforme pontuou, qualquer movimento é de responsabilidade da Polícia do Distrito Federal”. Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que o ex-presidente irá ao novo escritório de trabalho, na sede do PL, assim que retornar ao Brasil.
Segundo o congressista, seu pai pediu para não haver festa nem comício no retorno. “O pessoal quer vir com o gesto de carinho com o Bolsonaro. E ele quer ali, em algum momento, poder enfim retribuir o carinho que recebeu. Mas sem festa, sem comício, sem nada”, afirmou Flávio.