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Votação para taxar "super-ricos" tem adesão de 70% do PP e Republicanos, após afago de Lula

Com 29 deputados da base do governo votando contra proposta, e 38 da oposição, a favor, Câmara votou texto horas após aliado de Arthur Lira ser indicado ao comando da Caixa

Arhur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do BrasilArhur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Após Lula (PT) ter atendido aos interesses do Centrão com a demissão da presidente da Caixa, Rita Serrano, para acomodar o aliado do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), Carlos Antônio Vieira Fernandes, os parlamentares do PP e do Republicanos mostraram adesão ao governo no projeto que prevê a taxação dos "super-ricos". A proposta, aprovada em plenário por 323 votos a 119, recebeu o aval de 63 deputados das siglas ligadas ao grupo político. As duas bancadas contam com 90 integrantes, o que representa uma aprovação de 70%. O texto agora segue para o Senado.

O projeto em questão enfrentou semanas de negociação e só foi pautado após o aceno do Planalto. Para a gestão de Lula, esta tributação dos chamados fundos exclusivos, que possuem poucos cotistas, é tida como parte essencial da agenda econômica.

Na votação, o PP e o Republicanos, que após a reforma ministerial começaram a fazer parte da base de governo, somaram 14 votos contrários e 13 abstenções. A maioria do quadro mostrou apoio ao projeto.

O Centrão vinha pressionando o Planalto pelo comando da Caixa há meses, mas antes da saída de Rita Serrano da sigla, o governo já havia feito concessões para acomodar o grupo político no alto escalão.

A primeira mudança ocorreu em julho, quando Daniela Carneiro foi demitida do Ministério do Turismo e, em seu lugar, o deputado do União Brasil, Celso Sabino, assumiu a pasta. Por dois meses, até setembro, Lula negociou a entrada do PP e do Republicanos, que só se concretizou em setembro, quando a ex-ministra do Esporte, Ana Moser, foi substituída por André Fufuca (PP-MA).

Para acomodar o PP, o presidente rifou o Ministério dos Portos e Aeroportos, atualmente chefiado por Silvio Costa Filho. O antigo gestor, Márcio França, do PSB, seguiu no governo, mas foi realocado em um no recém-criado Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

"Traições" da base
Apesar do afago com o Centrão, a tramitação da proposta, que agora segue para o Senado Federal, reservou alguns revezes para o governo. Entre os partidos que integram a base de Lula, 29 deputados se opuseram a proposta, enquanto 38 se abstiveram.

As reprovações decorrem justamente de deputados que, apesar de serem filiados a partidos que apoiam o Planalto, se identificam mais com a oposição, como o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR) e o ex-presidente da CPI do MST, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS).

Já na oposição, o cenário se inverteu: 38 parlamentares votaram com o governo, enquanto 18 se abstiveram na proposta que atende os interesses do presidente. Na maior bancada da Casa, a do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), 12 deputados se manifestaram a favor.

Tratam-se de nomes distantes do núcleo duro bolsonarista, que já votaram com o governo em outras ocasiões. São eles Daniel Agrobom (GO), Ícaro de Valmir (SE), Jorge Goetten (SC), João Maia (RN), João Carlos Bacelar (BA), Luciano Vieira (RJ), Junior Lourenço (MA), Matheus Noronha (CE), Rosângela Reis (MG), Samuel Viana (MG) e Tiririca (SP).

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